Carros bicombustíveis abocanham mercado

  Arquivo / O Estado
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Expectativa é de que os carros fiquem
com 50% do mercado até 2010.

Ribeirão Preto (AE) – O aumento nas vendas e nas opções de modelos flex fuel levou o governo e a iniciativa privada a reverem as previsões, divulgadas em março de 2004, para produção e demanda de veículos e combustíveis até 2010 no Brasil. Os novos números apontam que, no fim deste ano, 50% do total acumulado de veículos novos vendidos será flex fuel – podem ser movidos a álcool, a gasolina ou a partir de qualquer mistura de ambos.

De 2006 até o fim da década, a previsão é de que 75% de todos os veículos novos sejam flex fuel e eles sejam abastecidos basicamente com álcool, em detrimento da gasolina. No levantamento anterior, a previsão apontava para uma demanda acumulada desses modelos em 2005 correspondente a 30% do total de vendas de automóveis e comerciais leves, de 50% em 2006, e de 66% entre 2007 e 2010.

As estimativas foram feitas pelo grupo de trabalho criado pela Câmara Setorial do Açúcar e do Álcool do Conselho do Agronegócio (Consagro) do Ministério da Agricultura, do qual fazem parte, além de representantes do governo, técnicos da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), produtores da cadeia sucroalcooleira e representantes do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom).

Exportação

No caso da exportação, o cenário traçado para o flex fuel é conservador. Em 2005, por exemplo, a previsão é de que 2,5 bilhões de litros de álcool anidro brasileiro sejam vendidos no exterior, volume que irá dobrar até o fim da década e atingir 5 bilhões de litros em 2010.

Com uma frota estagnada de veículos à gasolina que utiliza 25% de anidro na mistura, o consumo interno desse tipo de álcool deve se manter em 6 bilhões de litros por ano até o fim da década.

O grande aumento na demanda será mesmo de álcool hidratado para abastecer os veículos flex fuel. Essa categoria consumirá 1,568 milhões de litros de hidratado em 2005, volume que irá superar os 12,54 bilhões de litros em 2010. Já o volume de álcool total consumido pelos veículos crescerá, de acordo com as estimativas, de 13,41 bilhões de litros neste ano, para 20,56 bilhões de litros no último ano da década.

Diante desse cenário, em 2010 será necessário um processamento de 328 milhões de toneladas de cana-de-açúcar só para a produção de álcool, ou seja, quase toda a produção da atual safra 2005/2006 da região Centro-Sul do Brasil, estimada em 345 milhões de toneladas.

Gasolina

Os dados apontam ainda que em 2005 as vendas totais de automóveis e comerciais leves movidos à gasolina serão menos da metade do total e atingirão 48,1%. O 1,9% restante corresponde às unidades movidas somente a álcool, que deverão zerar no próximo ano. Em 2003, quando foi elaborada a primeira previsão e quando surgiu o veículo flex fuel, as vendas desses modelos foram de apenas 3,6% do total, ante 93,8% das vendas dos movidos à gasolina e 2,7% dos a álcool.

Se as estimativas se concretizarem, de janeiro a dezembro de 2005 serão comercializados no Brasil 780 mil veículos flex fuel, ante os 462 mil previstos na primeira versão do documento da Câmara Setorial do Açúcar e do Álcool. Já em 2006, as vendas irão atingir 1,24 milhão de unidades, até chegarem a 1,331 milhão em 2010.

Somando os veículos novos e antigos e desconsiderando os que irão sair de circulação até o final da década, em 2010 a frota brasileira total de automóveis e comerciais leves chegará a 23,14 milhões de veículos. Do total, mesmo com apenas sete anos de vida, 7,76 milhões de veículos serão flex fuel, ou 33,53%, 14,76 milhões a gasolina (63,78%) e apenas 600 mil a álcool puro, ou 2,5%.

A crise no petróleo e as políticas da Petrobras de incentivo do uso do gás natural apenas para a indústria fizeram com que o grupo de trabalho também revisasse as previsões de uso desse combustível nos automóveis. Os técnicos previram uma redução média de 10% no aumento da frota de veículos a Gás Natural Veicular (GNV) ante a primeira pesquisa.

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