Carne mais barata nas gôndulas paranaenses

O consumidor poderá sentir a partir desta semana os primeiros efeitos do foco de febre aftosa, que atingiu um rebanho de bovinos em Eldorado, no Mato Grosso do Sul. A previsão é do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Paraná (Sindicarnes-PR). ?Deverá ter carne mais barata nas gôndolas a partir de segunda-feira (amanhã)?, afirmou o assessor econômico do Sindicarnes-PR, Gustavo Fanaya.

Segundo o economista, o mercado como um todo começa a sofrer pressão para a redução dos preços. ?Na região Oeste do Paraná, por exemplo, região mais próxima da fronteira com o Mato Grosso do Sul, a oferta de animais mais baratos aumentou. Os frigoríficos (do Oeste) já estão pagando menos, e os supermercados pressionam para que esta diferença seja repassada ao varejo?, comentou Fanaya.

Segundo o economista, a esperada redução do preço se deve ao fato de que as carnes que irão chegar às prateleiras dos supermercados esta semana serem provenientes de animais abatidos na semana passada, quando foi confirmado o foco de aftosa. ?Temos escala de abate de cinco a sete dias. É o tempo que se leva até buscar os bois na propriedade rural, fazer o transporte, o preparo. Mas desde a semana passada, essa escala ficou mais curta e até o volume de carne reduziu?, apontou o economista. Segundo Fanaya, a medida foi tomada por frigoríficos como precaução. ?O frigorífico tem receio de abater o boi a R$ 50,00 (a arroba) e, de repente, surgirem novos focos. Daí o preço da carne cairia muito. Por isso, está trabalhando com o mínimo necessário, procurando evitar estoques?, explicou, acrescentando que não é o frigorífico que faz o preço, mas o mercado.

Com relação às exportações, o volume que sai do Paraná representa apenas 2,8% das exportações brasileiras, lembrou Fanaya. De janeiro a setembro, foram cerca de 31 mil toneladas de carne bovina exportadas pelo Estado, que representaram US$ 67,3 milhões. Desse total, a União Européia respondeu por 24% em volume e 38% em faturamento. Para este ano, a projeção seria de 42 mil toneladas exportadas, podendo chegar a 45 mil, com faturamento previsto de US$ 90 milhões a US$ 95 milhões.

Instabilidade

Para o assessor econômico do Sindicarnes-PR, com o cenário de instabilidade, o mercado ficou completamente sem definição. ?É impossível saber o preço do mercado hoje. Tudo vai ser definido quando a poeira abaixar, quando os países que embargaram a compra de carne do Brasil revirem a medida, ou então, se houver a confirmação de que de fato não abrirão o mercado, teremos que ver como fazer o reescalonamento entre os estados para não causar desequilíbrios regionais?, ponderou Fanaya.

Para o economista, o reescalonamento é importante para que não haja prejuízos. ?O preço da carne no Mato Grosso do Sul, por exemplo, vai ficar lá embaixo. Por outro lado, em Goiás e Mato Grosso, vai subir. É preciso ver também como vai ficar o acerto entre São Paulo e Paraná (os dois estados, juntamente com o Mato Grosso do Sul, tiveram a carne bovina embargada pela União Européia). Dependendo a forma como o mercado se organize, haverá nova formação de preços na comparação com o que se via?, afirmou. Até então, São Paulo, estado responsável por maior número de animais abatidos e também com o maior mercado consumidor, era quem acabava determinando os preços. ?São Paulo e outros estados eram quase padronizados?, explicou.

Fanaya chamou atenção ainda sobre o comportamento dos produtores, que estão temerosos. ?Com o desânimo que se abateu no mercado, pode ser que o pecuarista se apavore, fique com medo que o preço do boi caia e queira vender tudo. Assim, o preço vai de fato cair, porque a oferta vai crescer?, disse. Segundo ele, o melhor é ter calma e aguardar. ?Quanto menos a gente solidificar a situação de correria melhor. Esperamos não sair com grandes danos e que o pecuarista pense no futuro. Todos têm que ter serenidade no momento.?

Nesse sentido, Fanaya se recusa em falar de prejuízos. ?Falar em perda de US$ 1 bilhão para o País ou US$ 25 milhões para o Paraná é um desserviço, que só alimenta o clima de desânimo, o terrorismo?, criticou. E finalizou confiante. ?Daqui um mês ninguém mais vai lembrar disso.?

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