Caixa inicia liberação de recursos para construção civil

A Caixa Econômica Federal (CEF) assinou nesta terça-feira (2) contratos de capital de giro com recursos da poupança no valor de R$ 4 milhões, com as construtoras MRV e Goldfarb (R$ 2 milhões para cada empresa). Segundo o vice-presidente de governo da Caixa, Jorge Hereda, até 30 de março do ano que vem os R$ 3 bilhões previstos para estas operações deverão ser aplicados e mais R$ 1 bilhão poderá ser concedido, se necessário.

Outros contratos, de R$ 70 milhões, em linhas tradicionais de crédito imobiliário destinados a empresas, também foram assinados hoje pela CEF.

Segundo o presidente da Goldfarb, Milton Goldfarb, a expectativa é fechar contratos de linhas de capital de giro em montante próximo de R$ 50 milhões até março. O contrato de R$ 2 milhões será utilizado para complementar o financiamento de um projeto cujo Valor Global de Vendas (VGV) é de R$ 25 milhões.

O executivo avaliou os juros dessa linha, que são de Taxa Referencial (TR) mais 11% ao ano, como “muito baratos” em relação a outros bancos. Conforme Goldfarb, as demais instituições cobram taxas de Certificados de Depósito Interbancário (CDI) mais 2,5% a CDI 3% para capital de giro, o que daria quase 50% a mais.

O vice-presidente de Relação com Investidores da MRV, Leonardo Corrêa, afirmou que as taxas cobradas pela Caixa para essa linha têm o mesmo custo para a companhia do que os financiamentos na modalidade plano empresário. De acordo com ele, a expectativa é de que a MRV cumpra sua meta de lançamentos próprios de R$ 2,5 bilhões a R$ 2,8 bilhões para este ano. Até 30 de setembro, a empresa lançou R$ 2 bilhões.

Financiamento habitacional

A Caixa trabalha com a possibilidade de que o crédito habitacional cresça 20% em 2009 ante os R$ 22,8 bilhões que deverão ser concedidos este ano. Segundo Hereda, o orçamento para o ano que vem ainda não está fechado. “Mesmo que ocorra uma redução no número de lançamentos em 2009, haverá uma série de entregas de imóveis cujos contratos foram feitos em 2006 e 2007. Com crise ou sem crise, os imóveis vão ser entregues”, disse o executivo.

No acumulado de 2008 de janeiro a novembro, foram financiados R$ 20,4 bilhões, representando 60% a mais que em igual período de 2007. Desse total, os financiamentos com recursos da poupança somaram R$ 9,3 bilhões, com o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) foram R$ 10,2 bilhões e o restante ficou por conta de outras fontes como consórcios e Programa de Arrendamento Residencial (PAR).

O orçamento inicial para crédito imobiliário em 2008 era de R$ 15,4 bilhões. Em julho a expectativa foi revista para R$ 20,4 bilhões e em agosto foi revisada novamente, para R$ 21,4 bilhões.

Questionado sobre se o crédito habitacional da Caixa teria crescido mais se não fosse a crise financeira, Hereda respondeu que o que estava previsto para este ano está acontecendo. “É difícil dizer se teríamos um crescimento maior.” Segundo ele, a crise está fazendo todo mundo colocar o pé no chão. Ele reconheceu que 2009 será um ano mais difícil. “Mas estamos fazendo crédito de longo prazo e não para 2009.”