Brasil tem menos gado confinado

O percentual de gado confinado no Brasil deverá sofrer uma queda de 5,89% em 2010, na comparação com o ano passado. A projeção foi apontada por uma pesquisa realizada pela Associação Nacional dos Confinadores (Assocon), que ouviu 50 pecuaristas associados em nove estados (MS, MT, GO, SP, RJ, MG, MA, PR e PA), entre os dias 19 de abril e 7 de maio.

No Paraná, entretanto, onde a maior parte dos confinamentos é de pequenos e médios produtores, a perspectiva é de que o rebanho confinado permaneça pelo menos estável.

De acordo com a Assocon, os confinadores estão cautelosos devido ao alto preço do boi magro e de venda do boi gordo projetado para a entressafra. Por outro lado, a perspectiva é de que o custo da dieta do gado confinado permaneça estável.

Segundo Bruno Andrade, zootecnista da Assocon e responsável técnico pela pesquisa, enquanto que para os pequenos e médios confinadores, que fazem a cria e a recria, a projeção é de um crescimento de 8,5% do rebanho confinado, para o rebanho dos grandes criadores, que preenchem suas vagas com parcerias ou aluguel de currais para terceiros, o volume de animais a serem confinados deverá sofrer uma queda de 14%.

A explicação, segundo o zootecnista, é o alto preço do boi magro (360 quilos), que em São Paulo está cotado a R$ 1 mil. “Por mais que a nutrição dos animais esteja mais baixa, a relação de custo ainda não deve ficar atrativa para os grandes pecuaristas por causa da alta cotação do boi magro”.

Já o grupo de médios e pequenos confinadores, que responde por 84,86% do gado no curral, é menos dependente do mercado para preencher as vagas no confinamento.

Segundo Andrade, para que o confinamento seja vantajoso, é necessário que a relação o custo do tempo do rebanho no curral e da arroba do boi gordo no mercado permita uma margem superior ao do boi no pasto, o que nem sempre acontece.

Andrade conta que é preciso que o pecuarista fique atendo à dieta dos animais, que causaria o maior impacto no custo de confinamento. “Numa dieta mal formulada o animal ganha menos peso, o que significa mais dias de confinamento e, consequentemente, um resultado financeiro reduzido”, diz.

A vantagem do confinamento, segundo o zootecnista, é o tempo de recria. “Enquanto que um gado criado no pasto demoraria 36 meses para ser abatido, o animal confinado leva entre 18 a 24 meses para alcançar o mesmo estágio. Além disso, você reduz o ciclo de produção e ainda proporciona um descanso da terra, aliviando áreas de pastagem”, afirma.

 Já a desvantagem do confinamento seria o custo elevado da produção. “Mesmo assim, para alguns pecuaristas, é vantajoso porque eles estarão sendo mais eficientes durante o ano”, diz.

Segundo Andrade, o confinamento pode não ser interessante para todas as regiões, dependendo da produção de grãos, que pode afetar diretamente no custo da alimentação do rebanho; e do clima, que pode reduzir a qualidade do pasto.

No Paraná, o zootecnista da Assocon revela que os confinamentos não são tão grandes. Segundo ele, a qualidade dos pastos e a algumas leguminosas produzidas no Estado garantem uma qualidade ao gado de pasto, fazendo com que o confinamento deixe de ser interessante no Estado.

Ele aconselha aos confinadores trabalhar o custo de produção e aproveitar o mercado futuro na BM&F, para não ser pego de surpresa e ver a rentabilidade reduzida.

Preços baixos do milho e da soja favorecerão o confinamento no Estado

De acordo com a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), a criação em confinamento no Estado deverá ser favorecida pelos baixos preços da soja e do milho.

De acordo com o médico veterinário da Faep, Fabrício Monteiro, comparado com a última safra, a cotação do milho fechou em abril desse an,o a R$ 13,68 – cerca de 17% a baixo da média registrada em 2009.

Já o preço da saca de soja fechou abril a R$ 30,50 – 41% a baixo da média do ano passado. Em todo o País, segundo a Assocon, os custos da alimentação do gado permaneceram estáveis. Em média, o custo em reais por animal/dia gira em torno de R$ 3,41.

Devido ao custo mais elevado da produção, comparado à criação de pasto, o confinamento precisa ser feito em grande escala para que a criação seja viabilizada economicamente.

“Para isso, é preciso dispor de uma área razoável. Quando há uma escala grande de custo é preciso ter um volume grande de animais”, afirma Monteiro. Segundo o veterinário, atualmente, o Paraná mantém 9.585.600 de cabeças de gado.

Faturamento

O rebanho deve representar um faturamento de cerca de R$ 9,5 bilhões aos pecuaristas do Estado. Somente no ano passado, conforme levantamento do IBGE, 1.208.514 animais foram abatidos no Paraná.

O tamanho do rebanho paranaense segue estável desde 1998. Em 2003/2004, o total de cabeças chegou a 10,2 milhões. A Assocon estima que, em 2008, foram abatidas 2,7 milhões de cabeças de gado no País.

Em 2009, esse número teve um decréscimo entre 19% e 20%, o que representou 2,2 milhões de cabeças. Em 2010 a associação tem trabalhado com números superiores ao do ano passado.

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