Brasil também é o País das oportunidades

O analista de sistemas Pedro Manuel Ribeiro, de 28 anos, é português e mora e trabalha em Curitiba há três anos e meio. A oportunidade de vir para o Brasil surgiu há cerca de cinco anos, quando ele começou a trabalhar em uma empresa no seu país de origem que prestava serviços para a Inglaterra. Foi então que ele juntou o útil ao agradável para vir pra cá: uma colega brasileira que também trabalhava em Portugal virou sua esposa e, desta forma, os dois agora vivem e trabalham no Brasil.

Este é só um exemplo de pessoas que deixam seu país de origem e vêm para o Brasil trabalhar. Ribeiro enumera várias vantagens de trabalhar em Curitiba. Ele diz que a capital paranaense tem urbanização e cultura muito parecidas com a européia e, somado a isso, um mercado de trabalho bastante próspero, que inclui várias multinacionais. Para ele, trabalhar no exterior é uma grande oportunidade. Ribeiro vê no Brasil a oportunidade de dar um salto na carreira, uma vez que a economia está estável e o País possibilita que ele tenha um cargo melhor do que em Portugal. ?Sem falar que você tem a possibilidade de interagir com culturas diferentes e aprender com isso. É interessante notar, por exemplo, que o português e o brasileiro têm em comum a tendência nata de dar o jeitinho quando as coisas não correm conforme o planejado. O brasileiro tem o costume de parabenizar o bom funcionário, o que não ocorre em Portugal?, conta.

Pedro Ribeiro é de Portugal, mas os Estados Unidos é o país que lidera o ranking de pedidos de autorização de trabalho para o Brasil. Somente no ano passado, o Ministério do Trabalho e Emprego concedeu 29,5 mil vistos de trabalho para estrangeiros, 16% a mais do que no ano anterior, quando foram concedidos 25.440 vistos. O Paraná está entre os cinco estados que mais atraem trabalhadores estrangeiros: no ano passado, foram expedidas 729 carteiras para estrangeiros no estado, de acordo com a Superintendência Regional do Trabalho no Paraná.

E o número vem crescendo. Em 2006, foram concedidas 706 carteiras. O estado perde apenas para o Rio de Janeiro (que trouxe 12.637 pessoas no ano passado), São Paulo (12.057), Minas Gerais (1004) e Amazonas (758). Em Minas Gerais aconteceu um diferencial: o estado atraiu mais chineses do que norte-americanos (156 contra 139). No Amazonas, outra curiosidade: o local trouxe 383 japoneses, contra 239 chineses.

O chefe da Seção de Relações do Trabalho da Superintendência Regional do Trabalho no Paraná, Fábio Lantmann, diz que o Paraná atrai tanto estrangeiro para trabalhar porque tem multiplicidade de etnias, o que faz com que haja grande possibilidade de vários parentescos. A questão da fronteira tríplice é outro fator que traz muitas pessoas de fora, principalmente da América Latina. ?Sem falar que o Paraná é a 5.ª economia do País, o que chama a atenção de muitos investidores e acaba gerando empregos. Tudo isso iniciou na época em que as grandes montadoras começaram a se instalar por aqui?, analisou Lantmann.

Densidade cultural é um dos atrativos do Paraná

Desde a época da colonização, o Brasil é um grande atrativo para estrangeiros. Ao longo dos anos, várias etnias entraram no País e, desta forma, poucos são os brasileiros que não têm pai, avô, bisavô ou tataravô de origem de estrangeira por aqui. E esta característica é muito forte no Paraná.

O professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Luciano Salamacha, explica que o Paraná reúne algumas características que o levam a ser um grande chamariz para imigrantes. A primeira é a densidade cultural, o que atrai os olhos dos investidores, principalmente os europeus, que não possuem essa característica na sua maioria. E, atraindo investidores, geram-se empregos e necessidade de mão-de-obra.

?Os investidores sabem que os paranaenses não mudam de opinião e comportamento tão facilmente?, diz ele.

A segunda característica é que o Paraná possui boas vias de acesso à distribuição, como portos (o Porto de Paranaguá, por exemplo) e malha ferroviária. Além de estar do lado de São Paulo.

O terceiro motivo é que o Paraná, segundo o professor, tem grande geração de tecnologia. Prova disso é que o Estado tem a primeira universidade tecnológica do País, o antigo Cefet, agora Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). ?Sem falar na qualidade de vida que temos por aqui, outro fator que determina a procura do estado por estrangeiros?, completa Salamacha.

Mas segundo o professor, é preciso analisar também o lado negativo de tantos estrangeiros por aqui. ?Em partes é ruim para nós o fato de que os estrangeiros ocupam cargos de alto nível, o que demonstra que ainda não estamos sabendo utilizar nosso potencial, e até mesmo revela que ainda há pessoas daqui que têm dificuldade de acesso à qualificação?, afirma.

O coordenador de Imigração do Ministério do Trabalho e Emprego, Paulo Sérgio de Almeida, diz que um dos grandes motivos da procura dos imigrantes pelo Brasil é o crescimento da economia que, em geral, leva à importação de equipamentos. Segundo ele, a importação faz com que sejam necessárias pessoas que saibam operar essas máquinas e, conseqüentemente, as empresas passam a ?importar? pessoas também. Desta forma, a maior parte dos trabalhadores que vêm para o Brasil são qualificados.

Do total de autorizações concedidas no ano passado, 58% foi para estrangeiros com graduação (17.126) e 32%, para técnicos com formação concluída.

Almeida destaca que uma das funções do ministério é avaliar se este estrangeiro não vai prejudicar o mercado de trabalho nacional. (MA)

Documentação necessária para estrangeiro trabalhar aqui

Para um trabalhador imigrante atuar no País, é necessário autorização do Ministério do Trabalho e Emprego. A empresa deve apresentar um contrato de trabalho e um termo de responsabilidade, no qual assume todas as despesas médicas do estrangeiro e dependentes.

O trabalhador deve apresentar a comprovação de escolaridade, qualificação e experiência profissional compatíveis com a atividade a ser exercida, informação do salário e benefícios a serem recebidos, inclusive o valor do último salário recebido no exterior. Depois desse processo, a empresa protocola os documentos na Superintendência Regional do Trabalho, que os envia ao Ministério, onde será analisado.

Se aprovado, o processo é publicado em Diário Oficial da União e a autorização é encaminhada ao Ministério das Relações Exteriores, que irá comunicar ao consulado do país. Desta forma, o estrangeiro passa a ter todos os direitos do trabalhador brasileiro.

Os documentos necessários para a carteira de trabalho de estrangeiros são passaporte, protocolo e certidão aprovados pela Polícia Federal e a autorização do Diário Oficial. A carteira do estrangeiro é verde, enquanto a do brasileiro é azul. (MA)

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