Brasil pede esforço negociador à OMC

Xangai – Vários participantes na reunião ministerial do G20 das maiores economias mundiais advertiram ontem, em Xangai (China), do risco de protecionismo se os membros da Organização Mundial do Comércio não chegarem a um acordo em dezembro, em Hong Kong. O ministro da Fazenda brasileiro, Antônio Palocci, pediu um esforço negociador aos países da OMC para ?evitar soluções insatisfatórias que possam levar a um retrocesso protecionista em escala global com conseqüências perversas e duradouras?.

Nesse sentido, o diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), Rodrigo Rato, advertiu para o ?risco de protecionismo? em alguns países que tomam medidas fora da OMC. ?Para evitar isso em alguns países, é necessário chegar a um acordo sobre a rodada de Doha em Hong Kong?, afirmou, enfatizando a urgência de se chegar a esse pacto.

A OMC tem uma importante reunião ministerial em dezembro, em Hong Kong, onde se pretende avançar o suficiente para terminar um acordo mundial de liberalização comercial em 2006, cujas negociações estão atrasadas.

Para isso, os países pobres e em vias de desenvolvimento pedem às nações ricas que eliminem os subsídios à agricultura, enquanto estes últimos se negam ou só querem reduzi-los.

Por sua parte, os países desenvolvidos querem que os países do sul eliminem as barreiras a suas exportações industriais e liberalizem seu setor de serviços.

Na segunda-feira os Estados Unidos propuseram reduzir suas ajudas internas 60% e pediram aos europeus e Japão que fizessem o mesmo em cerca de 80%, ante o que o Japão se negou e a Europa propôs uma diminuição de 70%, algo rejeitado pela França. O diretor do FMI estimou como ?promissoras? as propostas dos últimos dias feitas pelos Estados Unidos e a UE ante a reunião de dezembro.

O ministro brasileiro reiterou a demanda dos países em desenvolvimento aos países ricos para que eliminem os subsídios agrícolas e ofereçam ?um maior acesso ao mercado? aos países em vias de desenvolvimento. O Brasil faz parte de outro grupo G20 de países emergentes que pedem aos países desenvolvidos que acabem com suas subvenções agrícolas. Palocci constatou que ?existem divergências difíceis e não solucionadas entre os países desenvolvidos e os países em vias de desenvolvimento que devem ser superadas para concluir a rodada de Doha?.

O presidente do Banco Mundial, Paul Wolfowitz, disse, por sua parte, em um comunicado, que ?a menos que todas as partes façam concessões importantes – tanto os Estados Unidos, como o Japão, a UE e os países em desenvolvimento, todos – as negociações comerciais da rodada de Doha fracassarão e os que mais sofrerão serão os pobres do mundo?.

Os ministros do G20 reunidos na China preparam uma declaração que aprovarão neste domingo e na qual incentivarão a seus membros ?dar o impulso político necessário para promover a liberalização comercial, lutar contra o protecionismo e concluir as negociações com resultados concretos na reunião ministerial de Hong Kong?.

?O resultado da rodada de Doha terá um impacto direto no impulso de um desenvolvimento econômico mundial eqüitativo?, enfatizou também o presidente chinês Hu Jintao, em seu discurso de inauguração do encontro. Por seu lado, o ministro francês das Finanças, Thierry Breton, considerou ?chocante? a oferta de liberalização agrícola que a Comissão Européia fez na segunda-feira na OMC.

Grupo pede estabilização do petróleo

Os ministros das Finanças do grupo do G20 das maiores economias mundiais, ao qual pertencem o Brasil, a Argentina e o México, tentaram ontem buscar meios para estabilizar o preço do petróleo e pediram esforços para concluir a negociação internacional da Organização Mundial do Comércio. Em um momento em que os preços do petróleo rondam os 60 dólares o barril, os ministros e os diretores dos bancos centrais dos países do G7 dos países mais ricos e dos 13 países emergentes advertiram que essa cifra ?pode frear o crescimento e causar instabilidade à economia mundial?, segundo o rascunho da declaração que será aprovada neste domingo.

Por isso querem ?trabalhar juntos e que a comunidade internacional coopere mais para melhorar a produção e a capacidade de refinamento?, além de ?incentivar o diálogo entre produtores e consumidores?, acrescentou o texto obtido pela AFP.

O preço do petróleo, que em agosto chegou a alcançar os 70 dólares o barril, ?continuará assim durante alguns anos?, advertiu, por sua parte, o presidente do Fundo Monetário Internacional (FMI), o espanhol Rodrigo Rato.

O petróleo foi um dos principais assuntos abordados ontem pelos ministros dos países do G7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Itália e Japão), além do Brasil, Argentina, México, China, Índia, Rússia, Austrália, Indonésia, Arábia Saudita, África do Sul, Coréia do Sul e Turquia, assim como a União Européia (UE) e os chefes do Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial e o Banco Central Europeu.

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