Brasil exportará menos para Argentina

Rio

  – O Brasil não deverá recuperar cerca de US$ 1 bilhão em exportações para a Argentina este ano, como previa o governo, avalia a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). As exportações poderão avançar, no máximo cerca de US$ 500 milhões ao longo do ano, entende a AEB. A meta de recuperação foi divulgada pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, em fevereiro. “Não devemos chegar lá, na projeção do governo”, disse o diretor-executivo da AEB, José Augusto de Castro. O especialista em comércio exterior avalia que um crescimento de 50% sobre o ano passado nas vendas para a Argentina parece exagerado, pois a pobreza local aumentou, a demanda diminuiu, houve substituições de importação e há, ainda, percepção de riscos quanto ao pagamento das vendas.

Este ano

Parte do otimismo do governo e de outros analistas deve-se ao desempenho das exportações para a Argentina nos primeiros meses deste ano. Em janeiro, o avanço foi de 59 4%. Castro argumenta, entretanto, que os dois primeiros meses de 2002 não devem servir de base de comparação adequada, pois concentraram os efeitos defasados dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 e representaram o “olho do furacão” da crise econômica argentina.

“No ano passado, neste período, houve a moratória, desvalorização do peso, ninguém comprava nada, não havia demanda nem crédito”, argumenta o diretor-executivo da AEB. Ainda assim ele avalia que as exportações para o sócio do Mercosul poderão avançar de US$ 2,3 bilhões para US$ 2,8 bilhões este ano. Mas as importações também cresceriam entre 10% e 20%, no cenário da AEB. Assim, o déficit (de US$ 2,4 bilhões) aumentaria em US$ 500 milhões com relação ao ano passado ou, na melhor das hipóteses, ficaria igual.

O economista da Tendências Consultoria, Julio Callegari, tem outra análise. Acredita que o déficit comercial com a Argentina poderia encolher para algo entre US$ 1,8 bilhão e US$ 1,9 bilhão este ano. Ele cita o patamar de crescimento das exportações brasileiras para o mercado vizinho de 50% sobre o ano passado. O cenário leva em conta que a produção da indústria argentina permaneceria no mesmo nível do início do ano.

O avanço projetado pelo economista da Tendência produziria um aumento de 2% nas exportações totais brasileiras. Há, de fato, consenso entre analistas de que as vendas para a Argentina avançarão. As divergências são quanto ao nível do crescimento e à projeção do saldo bilateral. “As exportações para lá vão crescer”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Estudos das Empresas Transnacionais e da Globalização (Sobeet), Antônio Corrêa de Lacerda.

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