Brasil está próximo de acordo com a Bolívia sobre gás natural

Rio (AE) – A concretização de um acordo entre Brasil e Bolívia na exploração e produção de gás natural ?é um bom prenúncio? para as próximas negociações a serem realizadas entre os dois países, disse ontem o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Ainda falta negociar o preço do gás importado pelo Brasil e a indenização pelas refinarias da Petrobras que passaram a ser propriedade da estatal boliviana Yacimientos Petroliferos Fiscales Bolivianos (YPFB), o que será feito em duas negociações diferentes.

O presidente da Bolívia, Evo Morales, já declarou no fim do mês passado que gostaria que o Brasil doasse as duas refinarias da Petrobras que foram expropriadas pelo seu governo. A Petrobras, no entanto, quer que seja feita uma avaliação comercial detalhada para se calcular o preço da indenização a que teria direito.

Apesar das divergências, Amorim recusou-se a considerar as questões diplomáticas sobre energia com a Bolívia como uma crise ?Que crise??, disse. Ele considera que o acordo de exploração e produção de gás natural ?foi muito positivo? e era ?o mais difícil? dos três temas a serem tratados com o país vizinho. A parte já negociada ?era mais vital para nós porque tinha a ver com suprimento (de gás para o Brasil)?, argumentou.

?Os dois lados estão satisfeitos ou relativamente satisfeitos e relativamente insatisfeitos e tem que ser assim em toda negociação, senão não é negociação?, disse o chanceler em entrevista na 40.ª Assembléia Anual da Federação Latino-Americana de Bancos (Felaban). No evento, Amorim afirmou que a América do Sul continuará sendo prioridade na política externa no próximo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e convocou os bancos a olharem oportunidades de negócio nos financiamentos à integração dos países da região.

Amorim destacou que o país vizinho tem uma posição central na América do Sul e faz fronteira com quatro estados brasileiros. O ministro lembrou ainda que o país ?tem uma psicologia de ter sido explorado sempre e está passando por um processo de transformação social complexo?. Segundo Amorim, o empreendimento da Petrobras continua sendo viável e, embora o interesse do comando da empresa e do Brasil em ter suprimento de gás seja importante, é necessário levar em consideração que, ?para nós, é muito importante a estabilidade da Bolívia?. Observou que não daria certo ter ?uma diplomacia das canhoneiras adaptada ao século XXI?.

Amorim comentou também que a Venezuela foi o primeiro país visitado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após a sua reeleição, mas que o primeiro visitante recebido por Lula foi o presidente eleito do Peru, Alan Garcia.

O ministro ressaltou a importância que a Venezuela tem para o Brasil, tanto do ponto de vista de destino de exportações, que somam mais de US$ 3 bilhões por ano, quanto pelo lado energético. ?Os países são diferentes. As culturas políticas não são idênticas, vêm de processos políticos diferentes?, disse o chanceler sobre Brasil e Venezuela.

O ministro informou que será realizada uma reunião em Buenos Aires, em breve, sobre o Gasoduto do Sul, que pretende interligar a Venezuela até a Argentina. 

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