Brasil e emergentes cobram posição dos Estados Unidos para Doha

O Brasil e cerca de 90 países emergentes cobram uma definição do governo americano sobre a disposição, de fato, da Casa Branca para negociar um acordo de liberalização na Organização Mundial do Comércio (OMC). Os países em desenvolvimento se reuniram nesta quinta-feira (15) em Genebra para alertar que não farão qualquer concessão enquanto não houver uma definição política por parte de Washington e pedem que o governo de George W. Bush apresenta um cronograma de como pretende negociar a Rodada Doha daqui em diante.

O Brasil, que já admite que os ganhos nas exportações agrícolas não são substanciais, trabalha com o fato de que não haverá um entendimento neste ano. Mas insiste em um acordo até março de 2008. Muitos já apontam que o acordo ficaria apenas para 2009.

O que preocupa o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim, é que o "sentimento de urgência" em concluir a Rodada está desaparecendo, às vésperas do início da campanha eleitoral nos Estados Unidos, que promete congelar qualquer iniciativa política de Bush no exterior. A cobrança dos emergentes ocorre exatamente na semana que a Rodada Doha completa seis anos de negociações.

Concessões

O problema central seria a rejeição dos americanos em fazerem concessões na liberalização agrícola. Washington até agora não disse quais são os níveis de subsídios agrícolas que aceitaria manter. Inicialmente, pedia para ter o direito de distribuir US$ 22 bilhões. Reduziu o valor para US$ 17 bilhões e, agora, para US$ 16,5 bilhões. Para Amorim, isso não é uma concessão, já que o Brasil defende um valor de US$ 12 bilhões. Mas o ponto principal é que o governo americano não conta com uma autorização do Congresso para negociar acordos comerciais há seis meses, o que estaria impedindo qualquer avanço em Genebra.

Irritado, o governo americano respondeu ontem mesmo que já conta com um "road map" (cronograma). Na avaliação de Washington, esse cronograma seria a aceitação dos termos da negociação. Para Amorim, o cronograma precisa ter "credibilidade". "Caso contrário, vamos negociar com cautela", disse. Em outras palavras, não vão aceitar abrir seus mercados como pedem os países ricos.

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