Brasil com o maior juro real do mundo

O corte de 10 pontos percentuais promovido pelo Banco Central na taxa básica de juros brasileira no ano passado não foi suficiente para tirar o País do topo do ranking das economias com maiores taxas de juros reais do mundo. Em 2003, a taxa Selic recuou dos 26,5% registrados no começo do ano para 16,5%, em dezembro.

O Brasil está em segundo lugar, atrás da Turquia, num ranking elaborado pela consultoria Global Invest baseado em dados dos bancos centrais dos principais países emergentes. No ano passado, a taxa real de juros do Brasil estava em 12,8%, a maior desde março de 2000.

“No ranking dos juros reais projetados para os próximos 12 meses o Brasil se mantém firme na primeira colocação, pois, apesar da queda dos juros, as expectativas de inflação têm cedido”, informa o estudo da Global Invest.

Para 2004, as estimativas são de que o nível da taxa de juros real se mantenha nos meses de janeiro e fevereiro, já que a expectativa é de que o BC adote uma postura mais conservadora na condução da política econômica, pelo menos no início deste ano.

A maioria dos analistas espera que o Copom (Comitê de Política Monetária) reduza em apenas 0,5 ponto percentual a Selic na reunião que começou ontem, em Brasília, e termina hoje. Os mais ousados apostam num corte de até 0,75 ponto percentual.

“O compromisso do Copom será de balizar a política monetária para o cumprimento da meta de inflação em 2004 (5,5%). Lembrando que as reduções moderadas da taxa de juros postergaram a retomada de forma consistente do emprego e da renda para meados de 2004”, informou o relatório.

Aposta: corte de 0,75 ponto

Os membros do Copom (Comitê de Política Monetária) começaram ontem a reunião de dois dias para decidir o rumo da taxa básica de juros, hoje em 16,5% ao ano. A decisão deve ser anunciada hoje, após o fechamento do mercado.

Na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), ganhou força a aposta em um corte de 0,75 ponto percentual na taxa Selic. O contrato DI de fevereiro – que concentra a expectativa dos investidores para a reunião – projeta taxa anual de 15,84%, ante 15,87% sinalizados na véspera. Na mínima, esse contrato projetou 15,83%. O consenso dos analistas, no entanto, é de uma redução de meio ponto.

A administradora de recursos carioca GAP Asset Management é uma das instituições financeiras que esperam um corte de 0,75 ponto percentual.

“A apreciação da taxa de câmbio, a queda do risco-País e a existência de sinais claros que a recuperação econômica atual se dá de uma forma balanceada podem levar o BC a reduzir a meta da taxa Selic para 15,75%”, afirma um comunicado da GAP.

Para a instituição, um corte de 0,75 ponto percentual “é compatível com a parcimônia necessária na execução da política monetária”.

Inflação volta a dar sinal de vida

Na véspera da divulgação da taxa básica de juros (Selic) resultante da primeira reunião do Copom em 2004, a inflação volta a dar sinais de alta. O aumento dos gastos com educação, excursões, viagens e cigarros – acima do previsto – levaram a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, da USP) a aumentar a previsão para este mês, de 0,5% para 0,7%.

Para o coordenador do IPC, Paulo Picchetti, mais do que a alta da inflação, o que deve influenciar a decisão do BC (que será divulgada hoje) “é o fato de a taxa real de juros estar entre 8,5% e 9%, menor patamar desde janeiro de 2000”.

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