Superavit primário

Bernardo quer Eletrobrás fora do superávit. Mantega, não

O debate sobre a exclusão da Eletrobrás do cálculo do superávit primário (economia que o governo faz para pagamento de juros da dívida), a exemplo do que ocorreu há duas semanas com a Petrobras – quando a estatal petrolífera foi liberada da conta – provocou um racha na equipe econômica. Quatro horas depois de o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, ter afirmado ontem, em Nova York , que estuda dar à Eletrobrás o mesmo tratamento conferido à Petrobras, seu colega da Fazenda, Guido Mantega, o contestou, dizendo que, “no curto prazo, não existe nenhuma possibilidade de a Eletrobrás sair do superávit primário”.

De olho nos dividendos eleitorais que o dinheiro da Eletrobrás pode render à ministra da Casa Civil e candidata do governo a presidente, Dilma Rousseff, os ministros Paulo Bernardo e Edison Lobão, de Minas e Energia, querem liberar a estatal de contribuir para a meta fiscal do governo. Diferentemente de Mantega, que está mais preocupado em fechar as contas no azul, os dois ministros políticos preferem usar o R$ 1,6 bilhão da meta de superávit da estatal de energia este ano para financiar investimentos e programas sociais.

Técnicos do setor elétrico argumentam que a Eletrobrás não tem condições de cumprir o superávit estabelecido pelo Tesouro, a menos que ponha a perder o programa de investimento de R$ 8,6 bilhões. Diante da cobrança do ministro da Fazenda, para quem a estatal de energia precisa ficar lucrativa como a Petrobras, para receber o mesmo tratamento do governo, eles ponderam que a empresa não é perdulária e que tem cumprido seus compromissos. No ano passado, o superávit realizado foi de R$ 2,5 bilhões, frente a uma meta fixada em R$ 1,4 bilhão. Nas estimativas de 2009, os fundos setoriais vinculados à eletricidade devem arrecadar R$ 5,3 bilhões e a previsão é de que R$ 500 milhões do superávit saiam daí. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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