Bernardo: é tosca visão de que cortar gastos anula crise

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, chamou de “visão meio tosca” a daqueles que defendem cortes de gastos para combater a crise financeira internacional. “O problema é que o Brasil é um País complexo que apresenta aspectos que exigem soluções que muitas vezes são sofisticadas. Esse negócio de dizer que, em crise, corta gasto que resolve, me parece uma visão meio tosca, meio primária. Com certeza, não resolve”, afirmou, ao participar do programa “Bom Dia, ministro” do sistema Radiobrás.

Ele lembrou que, no passado, o governo cortava gastos e aumentava tributos. Agora, afirmou, não são os mais pobres que estão pagando pela crise. Bernardo argumentou que a União não pode dizer aos municípios que estão perdendo receitas nesta crise que “se virem”. “Temos também o problema da seca no Sul e das enchentes no Nordeste. A chuva não sabe que estamos em crise. Ela bate lá e desabriga milhões de pessoas. Se o governo não tomar providência, a situação do País vai piorar”, disse.

Segundo ele, o governo federal está apostando muito no programa habitacional “Minha Casa, Minha Vida”, que receberá R$ 6 bilhões em subsídios para as famílias mais pobres. “Estamos apostando em aumentar algumas despesas, porque isso trará resultado, não para o governo, mas para o País como um todo.”

O ministro lembrou que, na próxima segunda-feira (dia 25), o Tesouro irá repassar a primeira parcela de ajuda aos municípios. Segundo ele, deverá ser a maior parcela porque compreende as perdas geradas nos primeiros meses deste ano. Bernardo disse que os municípios já devem receber cerca de R$ 700 milhões do total de R$ 1 bilhão anunciado pelo governo. Esse socorro às prefeituras ocorreu para garantir que os repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) fiquem no mesmo valor de 2008. Bernardo disse que o valor pode superar R$ 1 bilhão se a queda no FPM superar este número. “Os municípios não terão ganho este ano, mas também não terão nenhuma perda porque o governo federal assegurou isso”, afirmou.

Bernardo disse que serão liberados hoje R$ 1,2 bilhão para obras emergenciais nos municípios atingidos pela seca e para medidas de prevenção à gripe Influenza A (gripe suína). O ministro defendeu a adoção pelos Estados de uma política permanente para enfrentar estes problemas climáticos. Ele lembrou que, nos últimos cinco anos, a região Sul enfrentou dois anos de seca forte e não há obras de armazenamento de água em muitos municípios.

Plano de safra

Bernardo informou ainda que o próximo Plano de Safra 2009/2010 deve ser divulgado no dia 20 de junho e antecipou que, “com certeza, será um plano alentado para dar conta das demandas”. Segundo o ministro, o governo fechará até o fim da primeira quinzena do mês que vem as novas condições de financiamento da safra. “Precisamos saber como garantir crédito para o produtor rural num momento em que o crédito ainda é restrito.”