BB e CEF vão descontar dias parados de grevistas

Mesmo sob a ameaça de ter o ponto cortado, os bancários entram hoje no 15.º dia de greve. Em Curitiba, cerca de 600 bancários aprovaram ontem, em assembléia, a continuidade do movimento. Segundo o secretário-geral do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região Metropolitana, Antônio Luiz Fermino, a idéia é tentar negociar o desconto dos dias parados depois do término da greve.

“Essa pressão (de cortar o ponto) sempre aconteceu. Se de fato ocorrer, vamos tentar negociar depois”, afirmou Fermino. Segundo ele, a última vez que os funcionários da Caixa Econômica Federal tiveram os dias descontados foi no início da década de 90. Em Curitiba, a estimativa era de que aproximadamente 120 agências tenham ficado fechadas ontem. No final da tarde, através do porta-voz André Singer, o presidente Lula negou que tenha pressionado pelo corte do ponto tanto no Banco do Brasil quanto na Caixa Econômica Federal. Segundo ele, “não cabe ao presidente decidir isso”.

A ameaça de suspensão do ponto ficou mais forte após os rumores de que o governo federal pretenderia adotar essa medida para enfraquecer a greve e evitar transtornos para a população às vésperas das eleições. Ontem, o Banco do Brasil informou que pretende cortar o ponto dos grevistas. Segundo o banco, os funcionários já sabiam dessa ameaça antes dela se tornar pública. É que uma circular interna do banco, datada do dia 21, informava sobre essa possibilidade.

A Caixa Econômica Federal não se pronunciou sobre o assunto, mas a informação que corria entre os funcionários ontem era de que o banco adotaria esta postura. Na segunda-feira, representantes da Caixa e do BB foram até o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para alertar sobre os riscos da greve prejudicar o pagamento dos aposentados e do Bolsa Família.

Efeito contrário

O presidente da CNB-CUT (Confederação Nacional dos Bancários), Vagner Freitas, disse que a ameaça do governo federal de cortar o ponto dos funcionários do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal terá efeito contrário. Segundo ele, a greve deve ficar ainda mais forte entre os trabalhadores dos bancos públicos.

“Esse governo já deveria saber que medidas como essa são ineficazes. Toda vez que outros governos apelaram para isso, houve uma radicalização da greve”, afirmou Freitas. De acordo com o sindicalista, os funcionários do BB e da Caixa estão acostumados a enfrentar pressões como essa. “São uma categoria unida e que não se abate com esse tipo de pressão.” Segundo a CNB, a greve atinge cerca de 200 mil bancários entre os 400 mil da categoria.

Febraban descarta uma nova proposta

O presidente da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) e do Bradesco, Márcio Cypriano, disse ontem que não há espaço para uma nova proposta de reajuste salarial aos bancários. Cypriano afirmou que se os bancários não interromperem a greve, a questão será “decidida na Justiça”.

Os bancários reivindicam um aumento salarial de 25%. A proposta patronal apresentada pela Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), antes do início da greve, prevê reajuste de 8,5%, mais um abono de R$ 30 para quem ganha até R$ 1.500. Para o executivo, com o abono, o reajuste chega a 12,6%.

Na avaliação de Cypriano, a greve dos bancários não passa de uma “disputa político-sindical”. “É só olhar nas portas das agências. Há uma terceirização da greve. Tem mais integrante do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) do que bancário”, afirmou.

Segundo ele, não está havendo prejuízo à população com a greve. Considerando somente os bancos privados, Cypriano avalia que menos de 20% das agências estão fechadas. No caso do Bradesco, de acordo com o executivo, das 3.100 agências espalhadas pelo País, apenas 21 estão fechadas.

Procon

Ontem, no final da tarde, o Procon/PR deu entrada com uma ação civil pública, com pedido de liminar, no Fórum Cível de Curitiba, para impedir que os correntistas de bancos que estão em greve sejam prejudicados no pagamento de contas. A ação, proposta contra a Febraban e seus afiliados, pretende que os clientes possam pagar contas sem multa e tenham devolução dos valores porventura já pagos a mais.

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