Banco Central sai do mercado e dólar volta a cair

O anúncio do Tesouro Nacional de que não vai comprar dólares no mercado enquanto o câmbio apresentar volatilidade e a falta de novidades no cenário político fizeram o dólar inverter o movimento e interromper uma seqüência de cinco altas. A moeda fechou ontem com baixa de 0,48%, vendida a R$ 2,450, depois de subir mais de 2% pela manhã e superar os R$ 2,50.

?O mercado começou o dia na expectativa do depoimento da mulher do empresário Marcos Valério de Souza à CPI Mista dos Correios. Como ela não disse nada bombástico, houve um ajuste de posições?, afirmou Júlio César Vogeler, da corretora Didier Levy.

Para Vogeler, a menor tensão política associada ao anúncio do Tesouro motivaram os exportadores, que aproveitaram a alta de anteontem da divisa norte-americana para vender dólares no mercado e receber mais reais na troca de moedas. Na segunda-feira o dólar subiu 2,66%, maior alta percentual em um dia em mais de um ano.

O Tesouro pode comprar no mercado até US$ 4,963 bilhões para honrar compromissos da dívida externa que vencem no segundo semestre deste ano (julho e dezembro). A expectativa de uma atuação do Tesouro no câmbio a qualquer momento era um fator a mais de cautela no mercado.

?Tem muito exportador reprimido, aguardando preço melhor (do dólar) para entrar no mercado?, disse. Segundo analistas, somente a Companhia Vale do Rio Doce teria colocado no mercado ontem cerca de US$ 50 milhões.

Apesar da queda do dólar ontem, analistas afirmam que a situação política ainda inspira cautela nos investidores. A principal expectativa é com o possível depoimento do deputado José Dirceu – ex-ministro da Casa Civil – no Conselho de Ética da Câmara na próxima semana.

Fora do mercado

José Antônio Gragnani, secretário-adjunto do Tesouro Nacional, confirmou ontem que o governo só vai voltar a comprar dólar depois que o mercado se acalmar. O secretário disse também que estar fora do mercado neste momento não prejudica o cronograma de compras.

?Nós estamos até um pouco adiante do cronograma que nós tínhamos. Ficar fora do mercado (agora) não gera impacto na nossa programação?, disse. Para ele, o mercado está mais volátil agora por conta da crise política, mas isso é algo passageiro.

A volatilidade fez também o Tesouro reduzir o volume do leilão de títulos públicos. Na semana passada, foram ofertados R$ 6 bilhões em papéis pré-fixados. O leilão dessa semana foi de apenas R$ 2,5 bilhões.

A redução, segundo Gragnani, foi feita para evitar mais volatilidade. No entanto, ele admitiu que a crise política tem um pequeno impacto na demanda.

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