Banco Central abandona meta de 4,5% de inflação

Brasília (AE) – O Banco Central não irá mais perseguir a meta central de inflação de 2005, de 4,5%. A política monetária passará agora a ser calibrada de modo a perseguir no próximo ano uma inflação de 5,1%, que corresponde à meta central fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), acrescida de 0,6% a título de acomodação parcial da inércia inflacionária que será herdada de 2004. A informação consta da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC realizada na semana passada, quando a meta da taxa Selic foi elevada em 0,25 ponto percentual, para 16,25% ao ano.

Segundo os diretores do BC, diversos índices de inflação em 2004 superarão a meta central de 5,5% fixada pelo governo. Isso terá implicações sobre a inflação de 2005. Por isso, o Copom decidiu – como já feito em anos passados – perseguir uma inflação um pouco acima da meta central fixada, acomodando assim parte da chamada inércia inflacionária de 2004. “A inércia atinge tanto os preços administrados, por força de cláusulas contratuais de reajuste de tarifas, quanto os preços livres, cuja formação responde em parte às expectativas de inflação futura, mas também à inflação observada no passado”, explicam os diretores na ata, divulgada há pouco pelo BC.

De acordo com o Copom, sem uma reação imediata da política monetária, a inércia inflacionária teria um impacto de 0,9 ponto percentual em 2005. Por isso, a Selic foi elevada na semana passada já com o intuito de combater esse movimento. O ajuste feito na taxa básica de juros tem como objetivo promover a convergência da inflação para a trajetória de metas, já incorporando o novo foco que será perseguido pelo BC de 5,1% no próximo ano.

Essa inércia inflacionária, entretanto, não será combatida em apenas um ano. “O Copom entende que a flexibilidade inerente ao regime de metas para a inflação permite que a inércia inflacionária não seja integralmente combatida em um só ano, de forma a promover uma transição suave para as metas de inflação de médio prazo”, explicam os diretores. Sendo assim, o comitê resolveu combater em 2005 apenas 1/3 dessa inércia, acomodando temporariamente os 2/3 remanescentes.

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