Bancários, mobilizados, podem ir à greve

Sete agências bancárias localizadas na Rua Comendador Araújo, centro de Curitiba, tiveram a abertura atrasada ontem em duas horas, no segundo dia de manifestações da categoria. As paralisações parciais, que seguem até a próxima segunda-feira, são o prenúncio de uma possível greve. De acordo com o Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, o expediente nas agências dos bancos Itaú, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Unibanco, HSBC e Santander só teve início ontem ao meio-dia.  

O Comando Nacional dos Bancários determinou greve de 24 horas na próxima terça-feira, dia 26. Em Curitiba, os bancários se reúnem um dia antes (25), em assembléia, para definir o formato da greve: 24 horas, 48 horas, por tempo indeterminado ou, ainda, se desistirão da paralisação. A última grande greve da categoria foi em 2004, quando os bancários ficaram 28 dias de braços cruzados.

?Não houve avanço nas negociações. Pelo jeito, não vai ter outra alternativa senão a greve?, afirmou o secretário de finanças do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, Otávio Dias, que participou da rodada de negociação com representantes da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), em São Paulo, na última terça-feira. Segundo ele, os banqueiros insistem em não conceder aumento salarial – inclusive não repor a inflação acumulada nos últimos 12 meses, de 2,85% – e ainda querem que este acordo seja válido para os próximos dois anos. Ou seja, uma nova negociação salarial ocorreria apenas em 2008. ?A alegação deles é que a inflação é baixa – pela projeção deles próxima de zero -, e que não tem porque ficar brigando todo ano?, criticou.

Já os bancários reivindicam reposição integral da inflação, aumento real de 7,05% e melhoria da PLR – que passaria dos atuais R$ 800 mais 80% do salário para R$ 1,5 mil mais 100% do salário -, além de 5% do lucro líquido da instituição, distribuído linearmente para todos os funcionários. Também reivindicam o aumento do piso da categoria, hoje em R$ 839,93 para R$ 1,5 mil, de acordo com o previsto pelo Dieese.

Em Brasília

Em Brasília, representantes dos funcionários do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal se reuniram ontem com a direção de cada instituição, separadamente. O objetivo era apresentar questões específicas, que não constam da pauta de reivindicações apresentada à Fenaban. De acordo com José Paulo Staub, presidente em exercício do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região e funcionário do Banco do Brasil, questões relacionadas ao Plano de Cargos e Salários e à PLR fazem parte das reivindicações.

?Queremos que o Banco do Brasil antecipe o pagamento da PLR, assim como fez o Unibanco?, afirmou Staub, que participou da reunião. Os funcionários pedem ainda que a primeira parcela – relativa ao primeiro semestre – passe de 40% do salário mais valor fixo de R$ 375,00 para 50% mais R$ 750,00. Querem ainda que o abono de 4% do lucro total, pago linearmente a todos os funcionários, passe para 5% do lucro líquido.

Fenaban

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Fenaban se disse disposta a negociar, mas não mencionou contraproposta aos bancários. No entendimento dos banqueiros, os representantes dos funcionários deveriam ter atenuado suas reivindicações ao longo desse processo.

?A Fenaban continua disposta a negociar e construir um acordo na mesa de negociações, por isso estranha a inflexibilidade dos bancários, que não apresentaram nada de novo?, declarou a entidade por meio de seu porta-voz.

Os bancários têm atrasado a abertura de agências em diversas regiões com protestos diários. A Fenaban pretende se opor às ações que obstruam o acesso ao sistema bancário. ?A Fenaban vai tomar todas as medidas necessárias e cabíveis para que o atendimento normal à população não seja prejudicado pela ação dos sindicatos?, acrescentou a entidade em nota.

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