Aumento da gasolina só depois das eleições

O presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, disse ontem que dentro de dez dias já estará consolidado um novo patamar para o preço do petróleo no mercado internacional. Na prática, isso significa adiar a discussão sobre o reajuste dos combustíveis para depois das eleições municipais do dia 3 de outubro. Desde que o petróleo passou a bater recordes no mercado internacional, a ingerência política sobre a Petrobras vem sendo questionada.

A declaração de Dutra veio depois de o diretor de Relações Internacionais da empresa, Nestor Cerveró, afirmar que o petróleo chegou a um novo patamar e que, nos curto e médio prazos, não deve cair para baixo de US$ 35.

“Em dez dias, acredito que haja alguns elementos que vão contribuir para a consolidação de visão sobre o novo patamar do petróleo. Não sei qual vai ser a influência da liberação de parte dos estoques estratégicos dos EUA e até a possibilidade de a Opep aumentar a produção”, disse Dutra.

O petróleo chegou ontem a US$ 49 o barril com a queda nos estoques dos EUA. Nesta semana, a secretária de Petróleo e Gás Natural do Ministério de Minas e Energia, Maria das Graças Foster, afirmou que o preço do petróleo hoje é “muito preocupante”.

Segundo Foster, mesmo para um país auto-suficiente e exportador, o patamar de US$ 47 por barril seria fator de preocupação. A secretária ressaltou, no entanto, que qualquer decisão relacionada ao reajuste da gasolina é de responsabilidade da Petrobras.

O Brasil ainda não é auto-suficiente na produção de petróleo. A estimativa da Petrobrás é atingir a auto-suficiência em 2006. Mas, nesta semana, com previsões mais otimistas, a estatal cogitou a hipótese de alcançar essa auto-suficiência no final de 2005.O presidente da Petrobras participou ontem da entrega do Prêmio Petrobras de Tecnologia, no Rio de Janeiro.

Petróleo fecha em alta depois de bater em US$ 49

O barril do petróleo cru para entrega em novembro fechou ontem cotado a US$ 48,46 (alta de 0,23%), depois de bater nesta tarde, a marca dos US$ 49. No mês passado, o preço do barril bateu o recorde histórico de US$ US$ 49,40, maior preço desde que passou a ser negociado em Nova York.

A Casa Branca anunciou ontem que o Departamento de Energia dos EUA considera a possibilidade de aprovar a utilização das reservas estratégicas de petróleo do País. Duas refinarias do Golfo do México fizeram pedido para usar as reservas estratégicas americanas em razão dos atrasos na entrega de importações de petróleo no país e da interrupção na produção com a passagem do furacão Ivan.

“É algo que o Departamento de Energia está considerando”, disse o porta-voz da Casa Branca, Scott McLellan, ao ser questionado sobre a possibilidade de as reservas virem a ser utilizadas.

A última vez que o governo americano cedeu barris da reserva estratégica (hoje em torno dos 670 milhões de barris) foi em 2002 quando da passagem do furacão Lili pelos centros de distribuição do golfo do México.

Anteontem, foi divulgada uma queda de 9,1 milhões de barris nos estoque da semana passada. Foi a oitava semana consecutiva de queda nos estoques do País.

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