Atividade começa a reagir, aponta indicadores

Os primeiros indicadores antecedentes de ritmo de atividade mostram que a economia brasileira começou a engrenar. Vendas de papelão ondulado, fluxo de veículos de carga nas rodovias que cobram pedágio, consumo de cimento, produção de aço bruto, de veículos e de televisores cresceram em janeiro de 2013 ante o mesmo mês do ano passado, numa clara indicação de que o pior momento ficou para trás. Apesar de os primeiros indicadores apontarem para a mesma direção, a grande incógnita é o vigor do crescimento, ponderam economistas.

Em janeiro, as vendas de embalagens de papelão aumentaram 10,3% na comparação com o mesmo mês de 2012. Segundo a Associação Brasileira do Papelão Ondulado, foram vendidas 273,7 mil toneladas no mês passado, ante 248,2 mil toneladas em janeiro de 2012. Também o fluxo de caminhões na rodovias aumentou 6,7% em janeiro em relação ao mesmo mês de 2012, segundo índice calculado pela Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias com a Tendências Consultoria Integrada. Rafael Bacciotti, economista da consultoria responsável pelo cálculo, afirma que esses resultados mostram um cenário mais favorável para a indústria, impulsionado especialmente pela produção de veículos.

De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, foi produzido um número recorde veículos em janeiro: 279,3 mil unidades. A alta é de 7,7% em relação a dezembro e 32% ante janeiro de 2012.

Na esteira do aumento dos bens duráveis, a produção de aço bruto reagiu e cresceu 1,1% em janeiro ante o mesmo mês de 2012, somando 2,8 milhões de toneladas, apontam as estatísticas do Instituto Aço Brasil.

Na Zona Franca de Manaus (AM), a indústria de TVs trabalha hoje a todo vapor, conta o presidente do Centro das Indústrias do Estado do Amazonas, Wilson Périco. Ele explica que a produção de TVs está sendo impulsionada pela Copa das Confederações, marcada para meados de junho. Além das TVs, demanda também é forte nos aparelhos de ar condicionado.

Já o crescimento é moderado nas indústrias de motocicletas, ainda afetadas pelo crédito mais restrito, e entre os fabricantes receptores de sinal de TVs, prejudicados pela concorrência dos importados, diz Périco.

Resultados preliminares do consumo cimento no mercado interno, sem incluir as importações, mostram que foram vendidas 5,6 milhões de toneladas em janeiro, com alta de 5,9% em relação ao mesmo mês de 2012, segundo o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic). José Otávio Carvalho, presidente do Snic, observa que o ano passado terminou com uma desaceleração na venda doméstica de cimento, na qual as construções residenciais e comerciais respondem por 70% do volume. O crescimento no último trimestre foi 4,3% em relação a igual período de 2011. No terceiro trimestre, a taxa havia sido de 5,17% ante o mesmo período de 2011. Como se trata do resultado de apenas um mês, Carvalho diz que é “perigoso” considerar essa uma tendência. De toda forma, ele ressalta que o setor “já vem acelerado nos últimos anos”.

“A economia brasileira está ganhando tração”, afirma o economista chefe da LCA Consultores, Braulio Borges. Segundo ele, além da reação da indústria, que nas suas contas deve ter crescido 1,4% em janeiro ante dezembro, a economia vai ganhar neste primeiro trimestre um impulso extra: a renda adicional advinda da safra recorde. Soja, milho e arroz têm a colheita concentrada entre fevereiro e março e, portanto, a renda obtida com esses grãos deve ter impacto na atividade.

Borges lembra também que vários impulsos dados à atividade, como a redução de juros ocorrida em 2012, a desoneração da folha de pagamento, o fim da guerra dos portos e as taxas mais baixas cobradas pelo BNDES nos financiamentos devem ter impactos neste trimestre. “Nos próximos meses, o mercado vai se surpreender positivamente em relação ao PIB”, prevê.

A consultoria projeta crescimento de entre 1% e 1,5% no PIB neste trimestre ante 2012. Já Bacciotti, da Tendências, projeta alta de 0,6% no PIB do primeiro trimestre ante o quarto. “Esperamos um ritmo de crescimento melhor, mas a incerteza é grande”, pondera. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.