Ata do Copom ?dispara? dólar e Bovespa

O dólar à vista disparou 1,50% ontem e fechou cotado a R$ 2,631 na compra e R$ 2,633 na venda. Foi a maior alta em um único dia desde 31 de maio do ano passado. A valorização expressiva da moeda foi atribuída principalmente a um movimento técnico, já que investidores tiveram de promover ajustes de urgência em suas posições. A Bovespa seguiu o dólar e bateu novos recordes ontem, fechando com movimento financeiro de R$ 2,553 bilhões em 28.436 pontos, alta de 4,55%.

Além do leilão de compra de divisas pelo Banco Central, o principal motivo dessa alta do dólar e da bolsa foi o desmonte pelos bancos de posições de venda de dólar no mercado futuro. O salto da cotação ocorreu após o Banco Central sinalizar que a ?farra? dos maiores juros do mundo – que atraem capital especulativo para o País – está com os dias contados.

Nesta quinta-feira, houve uma mudança de percepção do mercado sobre o rumo dos juros no Brasil, depois da divulgação da ata do Copom (Comitê de Política Monetária). O documento adotou um tom menos pessimista ao traçar um cenário para os juros, indicando que o aperto monetário está próximo do fim – provalmente em março.

Antes, os bancos montavam posições de venda de dólar futuro, de olho nos ganhos crescentes com os juros em reais. O Copom começou a elevar a taxa Selic em setembro do ano passado.

?Houve um exagero no carregamento de posições vendidas. Hoje (ontem) está ocorrendo uma forte zeragem de posições no mercado futuro?, diz o analista André Kitahara, do banco holandês Rabobank.

Com base nas pistas dadas pela ata, o economista Adauto Lima, do banco alemão WestLB, resumiu o novo sentimento do mercado: o BC vai subir os juros em março pela última vez, interrompendo o aperto monetário iniciado em setembro.

Ele espera mais uma alta de 0,50 ponto percentual, que passaria dos atuais 18,75% para 19,25% ao ano. Lima diz que a taxa deve ficar nesse patamar até julho ou agosto, quando o BC começará os cortes até o juro ficar em 17% em dezembro.

O economista-chefe do Bradesco, Octavio de Barros, também considera que março será o último mês de alta do juro, mas prevê um aumento menor, de apenas 0,25 ponto percentual.

O risco Brasil caiu 2,50%, ontem, chegando aos 390 pontos.

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