Argentina diz não ter pressa para negociação

O governo argentino disse ontem que a complexidade da renegociação das dívidas em moratória com credores privados de cerca de US$ 103 bilhões dificulta prever prazos para fechar um acordo, embora espere solucionar a questão em meados de 2004. “Nunca houve na história uma renegociação como esta. A negociação não é uma ciência exata e estamos fazendo tudo que está a nosso alcance para terminá-la no ano que vem”, disse o secretário de Finanças argentino, Guillermo Nielsen à rádio argentina Rock & Pop.

Nielsen está em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, onde participa do encontro do FMI (Fundo Monetário Internacional). Consultado sobre a certeza da conclusão do acordo em 2004, Nielsen admitiu que “na verdade não temos certeza. Nem nós e nem ninguém tem certeza de quanto tudo irá durar”.

“Entramos em um território onde não há uma rota definida. Estamos fazendo o caminho enquanto andamos”, disse o secretário de Finanças. Ele assegurou que a Argentina está “acelerando o máximo possível”, mas advertiu que “para encerrar tudo isso será preciso contar com a vontade dos credores”.

“Dada a dispersão dos títulos, que são produto de um péssimo desenho de política financeira na década passada, é provável que tenhamos situações que não serão construtivas em algum momento da negociação”, afirmou Nielsen.

O secretário também disse que “o problema é que parte da legislação para a emissão da dívida argentina requer 100% dos investidores para chegar a um acordo. Isso torna a situação mais complicada”.

O ministro da Economia, Roberto Lavagna, apresentou anteontem em Dubai os principais pontos de uma proposta de reestruturação da dívida privada argentina em mora, emitida até dezembro de 2001, por cerca de US$ 103 bilhões com um desconto de 75%.

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