Aposentados ainda na ativa

Um em cada três aposentados e pensionistas continuam ativos no mercado de trabalho. Segundo levantamento feito pelo professor Márcio Pochmann, da Unicamp, dos cerca de 20 milhões de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e do setor público, 6,6 milhões estavam trabalhando em 2005.

O metalúrgico Nilton Sebastião Rissi, de 57 anos, se aposentou em 1994, mas continuou trabalhando como ferramenteiro na fábrica de caminhões da Ford no Ipiranga, zona sul da capital paulista.

No ano seguinte foi demitido, mas não desistiu.

Desde 1996 trabalha como ferramenteiro numa microempresa de autopeças. Casado e pai de três filhos, recebe R$ 2 mil por mês, além da aposentadoria de R$ 1,9 mil. ?A aposentadoria mal daria para pagar a faculdade dos meus filhos, que custa R$ 500,00 cada uma.? O número de brasileiros na mesma situação de Rissi cresceu de 5,8 milhões, em 1999, para 6,6 milhões, em 2005.

Isto representa um aumento de 13,8% entre os dois períodos.

Para o consultor José Cechin, ex-ministro da Previdência Social no governo Fernando Henrique Cardoso, os números mostram que a aposentadoria não abre vaga no mercado de trabalho. ?Isso retira o argumento de muita gente que diz que aumentar a idade mínima para aposentadoria traria dificuldade no emprego, o que é uma bobagem?, argumenta.

Segundo ele, a aposentadoria passou a ser uma renda adicional.

Hoje, o teto da aposentadoria do INSS é R$ 2,8 mil.

Previdência brasileira é muito ?generosa?, diz estudo

Brasília – Fatores como a ausência de idade mínima para a concessão de aposentadorias por tempo de contribuição, limites de idade para viúvas ou comprovação de dependência financeira para ter direito a pensões por morte fazem do sistema de Previdência Social do Brasil um dos mais ?generosos? do mundo. É o que mostra estudo que compara as regras para aposentadorias e pensões em 20 países feito pelo economista Paulo Tafner, coordenador de Estudos de Previdência do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea). O trabalho será levado à terceira reunião do Fórum Nacional de Previdência Social amanhã, que terá como foco o panorama dos modelos previdenciários no mundo. A reunião também marcará a estréia do novo ministro da Previdência, Luiz Marinho, na condução do fórum. Ele substituiu Nelson Machado e, durante sua posse, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva frisou que o novo ministro terá a missão de ?salvar? a Previdência, mas sem impor perdas aos atuais trabalhadores.

O estudo pondera que a definição de ?generoso? se coloca no contexto de que, num sistema de previdência, os benefícios não devem, em média, superar a renda das pessoas que ainda trabalham. ?E se tomarmos a experiência internacional – muito mais antiga e consolidada do que a nossa – como referência, então certamente chegaremos à conclusão de que nosso sistema é por demais generoso?, comenta Tafner. A análise do economista se concentra nas aposentadorias e pensões que, no caso do Brasil, representaram 70% dos R$ 165 bilhões das despesas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) no ano passado.

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