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ANP volta a monitorar qualidade do combustível e interdita postos

Postos de combustíveis do Rio de três grandes distribuidoras – BR, da Petrobras; Raízen, da Shell e Cosan; e Ipiranga – foram interditados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) na última quinta-feira, 10, por venderem álcool hidratado com uma substância poluente e tóxica, o metanol. A fraude foi detectada pela equipe de monitoramento da qualidade dos combustíveis da agência, que voltou à ativa no início deste mês.

Sem orçamento, a agência passou a maior parte de 2016 sem o serviço de monitoramento de postos prestado por universidades. O serviço foi retomado no início deste mês, uma semana antes dos técnicos contratados pela agência encontrarem o álcool batizado.

A adição de solventes a combustíveis foi uma prática recorrente do passado, à qual alguns empresários recorriam para melhorar suas margens de lucro. Mas perdeu força com o avanço do programa de monitoramento da qualidade da ANP. A descoberta, na semana passada, de que postos de três grandes marcas estavam retomando essa prática, porém, mobilizou o mercado de distribuição e revenda de combustíveis.

A ANP recolheu o álcool batizado e obrigou as distribuidoras fornecedoras a reprocessar o produto. Também abriu processo interno para apontar os responsáveis pela adulteração, que pode gerar multa de R$ 20 mil a R$ 5 milhões.

Já o representante dos donos de postos da cidade do Rio, o Sindicomb, orientou seus associados a suspenderem, na semana passada, a venda de álcool hidratado, segundo a presidente da entidade, Aparecida Siuffo. “O posto não tem laboratório próprio. Não tem como detectar o problema”, disse ela.

A BR Distribuidora e a Raízen, que comanda os postos de bandeira Shell, informaram em nota que retiraram o produto de circulação. As duas empresas atribuem a responsabilidade a um único fornecedor, uma usina de Campos dos Goytacazes, no norte fluminense. O nome da usina não foi informado.

Em comunicado, a Raízen ressaltou que a adulteração tinha o objetivo de “fraudar todo o sistema de distribuição e revenda de combustíveis no Grande Rio”. A Ipiranga não se pronunciou.

Apesar de tóxico, a adição do metanol ao álcool hidratado provoca mais prejuízos econômicos e ambientais à sociedade do que representam um problema de saúde pública, segundo o professor de Planejamento Energético da Coppe/UFRJ, Luiz Pinguelli Rosa.

Ele afirma que seria necessário o consumo de um volume muito grande e por muito tempo de metanol para que a população estivesse em risco. “O metanol, em geral, é produzido a partir do petróleo, mais poluente que o álcool, que é um biocombustível. A sua utilização significa um retrocesso nesse momento em que o mundo analisa formas de reduzir a poluição. Além de ser uma fraude econômica”, afirmou Pinguelli. A ANP não informou o volume de álcool adulterado.

Outro lado

Ipiranga mandou suspender venda de etanol em alguns postos

Veja a íntegra da nota enviada à Tribuna pela empresa:

A Ipiranga informa que, ao tomar conhecimento de uma não conformidade no etanol hidratado comercializado em alguns postos no Estado do Rio de Janeiro, por cautela e em respeito aos seus consumidores e revendedores, cessou imediatamente a comercialização de etanol, solicitou que sua rede de revenda cessasse a venda do produto e comunicou a ANP quanto às providências acima adotadas. 

Ao mesmo tempo, demos início ao processo de substituição do etanol entregue aos postos revendedores, no intuito de regularizar a qualidade do produto ofertado ao consumidor. Sendo assim, os postos revendedores de nossa rede que ofertam etanol já estão com produto dentro dos padrões de qualidade exigidos por Lei. 

Além de todas as providências acima, iniciamos a avaliação completa de nossos fornecedores e prestadores de serviço para que possamos prontamente verificar a origem da não conformidade identificada. 

A Ipiranga destaca ainda a relevância de ações como a campanha Combustível Legal, do Sindicom, cujo principal objetivo é manter o mercado extremamente competitivo, seguindo valores básicos como a ética e o respeito aos consumidores. 

A empresa reforça seu compromisso com a oferta de produtos de alta qualidade, preza para que não haja qualquer incômodo para seus consumidores e revendedores e reforça que os produtos que comercializa em sua rede de postos estão em conformidade com as normas legais.

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