Analistas dizem que BCE deve ampliar volume e prazo do relaxamento quantitativo

A entrevista concedida nesta semana pelo presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, deixou claro que a caixa de ferramentas da instituição está preparada para ser usada, provavelmente já em dezembro. Analistas dizem que Draghi tem uma série de opções à disposição: da ampliação do programa de relaxamento quantitativo à chance de redução da taxa de depósitos, passando até pela hipótese de intervenção no câmbio.

Draghi conseguiu injetar ânimo novo no mercado europeu. Após a afirmação de que o BCE cogitou novas medidas para apoiar a economia, cresceu o apetite por risco com a perspectiva de que mais ações podem ser anunciadas na reunião do BCE que acontece no início de dezembro. Agora, analistas tentam estimar quais medidas poderiam ser adotadas pelo BCE.

A extensão do programa de relaxamento quantitativo é a aposta mais popular. No chamado QE, o BCE compra ativos que estão na carteira dos bancos – como títulos da dívida dos países europeus – e paga com dinheiro com a intenção de que o sistema bancário use os recursos para emprestar mais às famílias e empresas e, assim, acelere a demanda.

“A conferência de imprensa deixou claro que o BCE irá ajustar a política. A questão é como. Em primeiro lugar, podemos ter uma extensão do programa de QE para além de setembro de 2016. Levando-se em conta que o BCE continua sendo conservador e que previsões econômicas não mostrem mudança dramática, poderíamos ter uma extensão do programa por seis meses até março de 2017”, diz o analista da corretora de câmbio World First, Jeremy Cook.

Os analistas do Barclays concordam que a novidade pode ser anunciada na reunião de dezembro e acreditam que o QE pode ser ampliado de seis a nove meses. Além disso, a instituição trabalha com a hipótese de aumento das compras de ativos – que atualmente estão em 60 bilhões de euros por mês – e/ou a ampliação dos ativos que podem ser comprados pelo BCE nessa operação, como mais títulos de governos europeus, agências e dívida supranacional.

Em nota, o economista-chefe do ING, Carsten Brzeski, concorda que dezembro será a data crucial para Draghi e as projeções oficiais do BCE sobre a inflação em 2017 podem ser o gatilho para a adoção de novas medidas. “Draghi foi mais explícito que esperávamos. A porta para mais estímulos está bem aberta”, escreveu, ao comentar que a ação do BCE não necessariamente será apenas mais QE. O analista lembra que a instituição ainda está longe de atingir o teto de 1,1 trilhão de euros em compras de ativos.

“Poderia ser uma taxa de depósito menor (como Draghi comentou na entrevista) e talvez até mesmo intervenções no mercado de câmbio ou compra de outros ativos que anteriormente foram excluídos do programa de QE”, explica o analista. Citado pelo analista, o tema câmbio tem crescido no debate do mercado diante da consistente valorização do euro, que subiu cerca de 15% na comparação com o dólar nos últimos 12 meses. Com o euro forte, importações ficam mais baratas e exportações ficam menos competitivas. Isso reforça a pressão desinflacionária na região.

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