Alternativa ao corte da Selic é compulsório menor

São Paulo – A hipótese de redução do depósito compulsório como instrumento complementar ao provável corte da Selic é factível e é defendida por alguns profissionais. No entanto, a probabilidade de a medida ser adotada na reunião do Copom que começa amanhã não é certa, avaliam analistas do mercado. Essa queda no compulsório faria todo o sentido se considerado que o aumento decidido em fevereiro pelo Banco Central, de 45% para 60% sobre os depósitos à vista, veio justamente para combater uma pressão inflacionária que hoje parece debelada. Além disso, lembram os analistas, os juros estão elevados sobretudo na ponta para o tomador final, onde as mudanças no compulsório atuam de maneira direta.

Há um detalhe destacado pelos economistas do Unibanco que joga, no entanto, contra a redução do compulsório: o projeto de microcrédito do governo, cuja principal fonte de financiamento vem justamente do depósito compulsório recolhido pelo BC. “Baixar o compulsório agora acabaria sendo uma medida na contramão do microcrédito, diluindo essa destinação de 2% definida pela Fazenda”, explica o economista-chefe do Unibanco, Alexandre Schwartsman.

“Faz todo o sentido a queda do compulsório agora, mas seu impacto na questão do microcrédito teria de ser cuidadosamente avaliada”, diz o economista-chefe do Lloyds TSB, Odair Abate.

“Pode-se optar por primeiro ver o impacto de um corte mais agressivo dos juros agora e depois mexer no compulsório”, ilustra o economista-chefe do banco ING, Marcelo Salomon. A utilização do viés, outro possível instrumento complementar ao dos juros básicos, é vista como improvável pelos analistas consultados, dado que não há fatos entre esta e a próxima reunião do Copom que justificasse um corte da Selic no meio do caminho.

O Banco Central teria espaço para cortar até 300 pontos na próxima reunião do Copom se quisesse levar a taxa de juros reais “ex-ante” ao mesmo nível de fevereiro deste ano – mês em que o Copom aumentou a Selic para 26,5% ao ano e elevou o compulsório sobre os depósitos à vista de 45% para 60% – calcula Salomon.

Naquele mês, a taxa de juro real “ex-ante” calculada pelo ING estava em 16% ao ano, resultado de uma taxa nominal de 26,5% ao ano com uma expectativa inflacionária 12 meses à frente de 8,60% pelo IPCA. Com os atuais 26% de Selic e uma expectativa 12 meses à frente de 6,64%, essa taxa de juro real está em 19% ao ano. Salomon não acredita, no entanto, que o BC possa optar por um corte dessa magnitude na quarta-feira.

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