Altas do etanol e ingressos de futebol puxam IPC da 1ª leitura, diz André Chagas

O avanço mais forte que a esperado nos preços do etanol e dos ingressos de futebol levaram o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da primeira leitura deste mês a uma alta maior (de 1,78%) que a prevista pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), de 1,69%.

A avaliação foi feita nesta terça-feira, 10, ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, pelo coordenador do IPC, André Chagas. Com essa surpresa, o economista da Fipe elevou a projeção para o índice fechado do mês de 1,04% para 1,10%. Para o ano, no entanto, a estimativa para o IPC permanece em 5,3%.

“O que destoou na primeira quadrissemana (últimos 30 dias terminados no sábado, 7) não foram os impactos dos reajustes nas tarifas de transporte coletivo, mas o etanol, que subiu assim como a gasolina. Parece que usinas e postos aproveitaram a incorporação dos impostos e elevaram os preços do etanol também. O aumento da gasolina era previsível”, avaliou, ao referir-se à volta da Cide dos combustíveis.

A expectativa de Chagas era que o etanol apresentasse uma variação de 1,55% na primeira medição de fevereiro, mas atingiu 4,17%. Já a gasolina teve uma taxa de 3,75%. Com isso, o grupo Transportes passou de 4,15% para 5,10%, enquanto a estimativa da Fipe era elevação de 4,78%.

Já o encarecimento (de 11%) dos ingressos de futebol em São Paulo pressionou o grupo Despesas Pessoais, cuja previsão era de 0,78%, mas ficou em 0,97%. “Tivemos um clássico do futebol e os preços subiram. Na ponta (pesquisa mais recente), a alta já está acima de 30%. Isso porque a Fipe pega um ingresso específico, que contempla o perfil mais econômico, mas acaba refletindo um pouco o comportamento dos preços”, explicou.

Além de captar com mais força os efeitos da cobrança de impostos sobre os combustíveis, o IPC de fevereiro deve continuar refletindo o avanço nos preços da energia elétrica. Nesse cenário, a Fipe estima taxa de 4,03% para Transportes (de 4,15% em janeiro) e de 1,23% para Habitação (ante 0,41%).

“Esperávamos uma leve aceleração do IPC nesta leitura, pois acreditávamos que seria a última semana de maior pressão dos reajustes esperados para o período (energia, cigarros e transporte coletivo). O impacto da alta de energia prossegue, assim como em cigarros, por causa de reajuste de uma outra fabricante, mas transporte urbano tende a sumir”, analisou.

De acordo com Chagas, o grupo Alimentação, que subiu bastante em janeiro, pode dar certo alívio à inflação dos paulistanos, podendo sair de uma alta de 1,57% no primeiro mês deste ano para 0,66% em fevereiro.

A taxa de 1,18% registrada na primeira quadrissemana veio aquém da variação de 1,26% aguardada pelo economista da Fipe. Segundo Chagas, as carnes bovinas desaceleraram praticamente à metade nesta pesquisa, para 0,58%, e os sinais são de novo arrefecimento. “O atacado tem mostrado isso. Nas pesquisas de ponta (mais recentes), todas as carnes estão com preços mais baixos. Os in natura também estão com altas mais contidas”, afirmou.

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