Alimentos causaram deflação no IGP-DI de fevereiro

Queda e desaceleração de preços na cadeia alimentar, no atacado e no varejo, levaram à deflação de 0,13% do Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) de fevereiro. Segundo o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Salomão Quadros, a taxa negativa de 0,55% nos preços das matérias-primas brutas foi fundamental para manutenção da deflação nos preços do atacado (de -0,33% para -0,31%) que, por sua vez, ajudou na formação do recuo do índice em fevereiro.

Quadros comentou que há dois movimentos expressivos atuando no setor de matérias-primas brutas no atacado. Um deles é a atual queda de preços nas commodities agrícolas, que subiram muito no início do ano, e agora começam a ajustar sua oferta. Outro fator que também está contribuindo para a taxa negativa é o cenário no mercado de carnes. Os preços da carne bovina caíram 1,36% em janeiro, e em fevereiro a queda foi mais intensa, de 1,70%. “As exportações de carnes estão caindo muito, devido à crise”, disse o economista, explicando que isso eleva a oferta do item no mercado interno. Ele comentou que a situação tem sido acompanhada pelo noticiário econômico, lembrando que muitos frigoríficos estão até decretando falência.

No cenário de preços junto ao consumidor, o economista explicou que não somente os preços in natura como também os preços de vários tipos de alimentos estão em queda ou caindo no varejo. Entretanto, ele fez uma ressalva. Apesar da desaceleração de preços do varejo na comparação mensal, ainda há uma inflação persistente nos preços junto ao consumidor, principalmente no âmbito de serviços não comercializáveis.

Taxa acumulada

A taxa acumulada nos últimos 12 meses até fevereiro do IGP-DI, de 7,50%, é a mais baixa em 15 meses, e sinaliza que vai continuar a desacelerar ainda mais nos próximos meses. Para o coordenador de Análises Econômicas da FGV, tendo em vista as atuais condições do cenário inflacionário, a taxa acumulada em 12 meses do índice pode “tranquilamente” chegar a 5% em meados deste ano.

Quadros explicou que, conforme as taxas mensais, mais elevadas, referentes aos primeiros meses do ano passado são retiradas da série histórica do índice, sendo substituídas por taxas mensais menores, isso fará com que a taxa acumulada em 12 meses fique menos pressionada.

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