Ajuste fiscal não vai impedir alta do juro

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, deu indicações que a taxa básica de juros da economia brasileira (Selic) pode continuar subindo apesar do aumento do superávit primário (receitas menos despesas, excluídos os gastos com juros) anunciado pelo governo Lula na semana passada.

A meta de superávit deste ano foi elevada de 4,25% para 4,5% do PIB (Produto Interno Bruto). A interpretação dos analistas é de que, com o aumento da meta, o BC poderia ser menos agressivo em futuras decisões sobre os juros porque, em tese, a economia maior de dinheiro para pagar juros contribuiria para esfriar a economia e reduzir pressões inflacionárias.

Segundo versões extra-oficiais, essa interpretação do mercado seria encampada pelo próprio governo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria decidido pelo aumento do superávit para evitar um forte processo de elevação de juros – iniciado no dia 15 de setembro, quando o BC subiu a taxa básica de 16% para 16,25% ao ano e avisou que outros aumentos seriam feitos.

Meirelles, porém, afirmou ontem que a política fiscal de superávits elevados não substitui a política monetária comandada pelo BC.

“Uma (política fiscal) não é substitutiva da outra (política monetária). São ambas da maior importância. Porém, com atuação, com mecanismo de transmissão e com defasagens diferentes”, disse Meirelles, em São Paulo.

O presidente do BC destacou que tanto a política fiscal como a política monetária são fundamentais para a estabilidade macroeconômica do País, para a estabilidade de preços e para o crescimento sustentado da economia.

“Sem as duas políticas bem feitas, não vamos conseguir fazer com que o Brasil tenha crescimentos sustentados e a taxas cada vez maiores”, afirmou após a cerimônia de posse do novo presidente da ABBC (Associação Brasileira dos Bancos).

Sobre o último aumento do juro promovido pelo Copom (Comitê de Política Monetária), Meirelles disse indiretamente aos empresários que a alta não é motivo para redução dos investimentos e que a economia “continua crescendo”.

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