Ajuste deve ter metas de longo prazo

O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, voltou a insistir ontem na fixação de metas fiscais de longo prazo. Segundo ele, esses são compromissos que devem ser buscados em ?conjunto com a sociedade?. ?Não estou propondo nenhum tipo de pacto. Mas todos os governos têm limitações?, disse ele após participar de fórum sobre Portugal promovido pela Fundação Luso-Brasileira em São Paulo.

O ministro disse que o governo já fez a sua parte, ao enviar o projeto de LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) para o Congresso. ?O que estou sugerindo é que as entidades da sociedade civil e o Congresso olhem isso não só no âmbito deste governo.?

A LDO enviada ao Congresso estabelece limites máximos para as receitas administradas e para as despesas não-financeiras em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) para os próximos três anos.

Palocci afirmou que a sociedade também precisa participar do debate sobre a redução de gastos públicos. ?Essa não é uma tarefa exclusiva do governo, ou do parlamento.?

Segundo ele, a melhor forma de se controlar a inflação é por meio do controle fiscal. ?Não há nada melhor para se construir a estabilidade da inflação do que o controle fiscal.?

Empréstimos

Antônio Palocci sinalizou que o governo continuará sustentando a política de crédito consignado (os empréstimos concedidos aos trabalhadores com desconto das parcelas em folha de pagamento). Ele defendeu a medida como um instrumento importante para o crescimento econômico, embora reconheça que a entrada em circulação de um volume maior de dinheiro no mercado provoque uma pressão inflacionária.

?No curto prazo isso causa pressão na política monetária, mas no médio e longo prazo ajuda e não vamos a partir disso piorar o país, o que temos que fazer é combater a inflação?, disse ele.

Câmbio

Palocci disse ainda que a política de câmbio flutuante é a melhor que existe para o equilíbrio das contas externas. No entanto, ele admitiu que nem sempre as variações do câmbio agradam a todos os setores da sociedade. ?O diabo do câmbio flutuante é que o danado flutua. E nem sempre terá valores que agradará a todos?, disse o ministro.

Segundo ele, as oscilações do câmbio serão corrigidas pela própria evolução da economia. ?Se a inflação seguir controlada, vai fazer com que o câmbio tenha um comportamento também ordenado. Se num determinado momento, ele (câmbio) estiver sobre ou subvalorizado, o processo econômico vai corrigi-lo e vai colocá-lo num patamar diferente.?

Palocci disse que uma das razões para a valorização do real foi a melhora das condições internas do Brasil. ?Um dos elementos que fez o real apreciar foi a melhora do Brasil. Todo país que melhora, sua moeda aprecia. Que que eu vou fazer? Vou piorar o Brasil??

Ele contestou ameaças feitas por empresários que o dólar barato poderia provocar desinvestimentos e demissões. Palocci disse que o saldo da balança comercial continua em alta e que o emprego formal voltou a bater recorde em abril. 

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