Agricultura familiar vê medidas com bons olhos

O pacote de apoio à agricultura anunciado anteontem pelo governo federal não foi considerado a solução dos problemas de dívidas e falta de recursos aos produtores paranaenses, mas, pelo menos, dá fôlego para emendar propostas. É o que avalia a Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Fetraf), que, mesmo depois da medida anunciada, reuniu agricultores ontem, em Pato Branco, para entregar à gerência local do Banco do Brasil um documento contendo suas reivindicações. O pacote agrícola contempla liberação de R$ 1,2 bilhão à agricultura e prolongamento das dívidas do setor em até 12 meses.

Para a Fetraf, se o dinheiro vier nos próximos meses, como prometido, deve permitir que o agricultor continue com a produção. ?Agora, pelo menos, os produtores não vão precisar vender equipamentos, por exemplo. Mas sabemos que não é tudo, principalmente se continuar a frustração de safras?, afirma um dos diretores da Fetraf Sul, Luis Pirin. Do montante anunciado, R$ 238 milhões devem vir em forma de medida provisória especialmente para o Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar. ?Em termos de crédito ainda é insuficiente, porque estamos no forte da safra de milho e soja. Mas vem desafogar e resolver parte do processo de comercialização e da queda dos preços?, acredita.

Já o prolongamento da dívida deve virar pauta de negociação para uma nova proposta. ?Estamos começando a discutir possibilidade de haver um bônus ao agricultor que tiver condições de antecipar o pagamento, caso a safra for boa. Se puder liquidar para não ficar amarrado, teria um abatimento de 50 ou 60%?, explicita. A sugestão ainda deve partir para o campo da negociação.

Os agricultores prometem também pedir atenção do governo à situação que vivem por conta da abertura de mercado. ?O Brasil não tem subsídio de proteção ao agricultor e, com isso, acaba facilitando a entrada de produtos de outros países a preços mais baixos. Vamos ter de fazer barreiras alfandegárias para ver como o País se comporta?, reivindica. ?Por causa disso, especula-se que o milho da Argentina já está sendo vendido a R$ 7 a saca na região – se referindo ao sudoeste -, e o produtor paranaense não pode vender por menos que o preço mínimo, que é R$ 13, para cobrir seus altos custos de produção.?

Por conta do pacote, a Fetraf deve dar um tempo nas manifestações que vem fazendo pelo Estado e que se tornaram cenário comum nos últimos meses. Mas se as medidas anunciadas não vierem nos prazos estipulados e os problemas dos agricultores não forem sanados, o governo que aguarde: ?Com certeza vamos nos mobilizar de novo?, promete Pirin.

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