Agora a indústria de alimentos pode parar

Trabalhadores da indústria de alimentos do Paraná ameaçam parar, caso as negociações de reajuste salarial não avancem. A data-base da categoria é 1.º de setembro. A quarta rodada de negociação ocorreu ontem na Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), em Curitiba, mas não houve acordo. A categoria reivindica reposição da inflação acumulada nos últimos 12 meses, de 2,85%, aumento real de 10%, reajuste de 15% no piso salarial e cláusulas sociais, como o pagamento de adicional por tempo de serviço – 2% ao ano ou 3% a cada dois anos.  

No Paraná, a indústria de alimentos emprega cerca de 100 mil trabalhadores. Destes, aproximadamente 35 mil têm data-base em setembro – incluindo indústrias de chocolates, balas, farinha de mandioca, farinha de milho e fubá, arroz, conservas, massas alimentícias e outras. ?Diante da intransigência da classe patronal, estamos nos mobilizando para deflagrar uma greve, que pode começar na semana que vem?, afirmou o presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentos no Paraná, Ernani Garcia Ferreira. ?As indústrias estão tendo ganhos, mas não querem repassar nada para os trabalhadores. Reclamam do câmbio; é sempre uma choradeira.? A próxima rodada de negociação está marcada para o dia 10 de outubro.

Segundo o economista Sandro Silva, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, regional Paraná (Dieese-PR), as negociações estão sendo feitas desde o início de setembro. ?Inicialmente, a proposta era de 80% do INPC, depois o INPC integral e agora 3% de reajuste, o que dá um aumento real de 0,15%?, explicou o economista. ?É muito pouco se considerarmos que, no primeiro semestre, 82% das negociações tiveram aumento real expressivo. Com eles (indústrias de alimentos), estamos percebendo a dificuldade em avançar.? No ano passado, foi fechado acordo com reajuste de 6,5% (incluindo a reposição de inflação de 5,01%) e aumento de 8% no piso salarial. O salário inicial no setor é R$ 382,54 e, para efetivados, a partir de R$ 475,20. A jornada de trabalho é 44 horas semanais.

A alegação de que o setor não vai bem também não convence, segundo o economista. ?Os indicadores do setor são positivos. Conforme o IBGE, a produção industrial de alimentos cresceu 4,43% (de janeiro a julho desse ano comparado ao mesmo período de 2005), as vendas industrias (conforme a Fiep) cresceram 21,32% e as horas trabalhadas, 20,15%?, observou.

Entre as indústrias de alimentos onde a data-base dos trabalhadores é em setembro destaque para a Zaeli, em Umuarama, que emprega cerca de 900 pessoas; a indústria de doces Caramuru, em Apucarana, com 230 trabalhadores; a Prodasa, em Arapongas, que fabrica massas, biscoitos e doces e emprega cerca de 750 pessoas, entre outras. 

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