Agências bancárias do interior voltam a funcionar

Depois de quase um mês em greve, funcionários do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal de algumas cidades do interior do Paraná decidiram voltar ao trabalho. É o caso de agências de Londrina, Arapoti, Toledo e Paranavaí, que registraram fila nos guichês ontem, o dia todo. Em Ponta Grossa, os bancários também decidiram, em assembléia, pôr fim à greve. Eles devem retornar ao trabalho amanhã. Em Curitiba, os bancários decidiram pela continuidade da greve. Nova assembléia está marcada para amanhã, às 18h30, na Sociedade Thalia.

“A gente preferiria que estivessem todos em greve, mas não chega a ser uma derrota total”, analisou José Paulo Staub, diretor do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região Metropolitana, referindo-se à volta dos bancários do interior ao trabalho. Segundo ele, a reabertura de algumas agências representa “uma perda importante no movimento”, mas como a greve continua nas capitais – 24 no total -, a expectativa é que a categoria ainda consiga ter suas reivindicações atendidas.

“É a greve dos bancários mais longa no País. Evidentemente a situação ficou difícil, e os bancários, sem negociação, acabaram voltando (ao trabalho). Nossa expectativa é que na quarta-feira (amanhã) haja finalmente uma saída”, afirmou Staub.

Conforme informações da Federação dos Bancários da CUT (Fetec/PR), estavam fechadas ontem 99 agências em Curitiba, cinco em Apucarana, duas em Cornélio Procópio, nove em Campo Mourão, seis em Guarapuava e uma em Umuarama. A greve atinge agências do Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.

Dissídio coletivo

A Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Entidades de Crédito (Contec) ingressou ontem no Tribunal Superior do Trabalho (TST) com pedido de dissídio coletivo para resolver o impasse nas negociações salariais entre bancários e bancos de todo o País. A falta de entendimento entre as partes sobre as reivindicações de reajuste salarial dos bancários já tornou a greve da categoria, que hoje completa seu 28.º dia, a mais longa de sua história.

Há duas semanas, o presidente do TST, ministro Vantuil Abdala, se ofereceu para atuar como mediador entre as partes, chegando a se reunir, em separado, com dirigentes sindicais de bancários e órgãos de classe dos bancos, mas não conseguiu levar as partes a um entendimento.

Os bancários, que inicialmente estavam reivindicando 25% de reajuste salarial, apresentaram à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) uma nova proposta de 19% de reajuste com R$ 1.500 de abono. A Federação e os bancos oficiais rejeitaram o pedido e oferecem reajustes que variam de 8,5% a 12,67% e mais uma cesta alimentação no valor de R$ 217,00.

Opinião contrária

A decisão de entrar com dissídio coletivo não agradou a diretoria do sindicato de Curitiba e Região Metropolitana. Segundo José Paulo Staub, diretor do sindicato, o dissídio coloca em risco todos os ganhos trabalhistas da categoria conquistados em acordos coletivos com os banqueiros.

“Historicamente, as questões do trabalho quem decide é o trabalhador e o patronato. Levar ao dissídio seria um retrocesso, porque existe uma gama de questões negociadas, vantagens, acordos. Quando vai para o TST, tudo isso se perde”, lamentou Staub.

Audiências serão amanhã

Segundo a assessoria de imprensa do Tribunal Superior do Trabalho, as audiências de conciliação com o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal já foram marcadas para a próxima quarta-feira. Não falta de acordo, o TST vai então decidir o percentual de reajuste dos funcionários dos bancos oficiais. Segundo o presidente da Contec, os trabalhadores dos bancos privados ficaram de fora porque a entidade não pode negociar em nome deles. Qualquer medida nesse sentido terá que partir dos sindicatos nos Tribunais Regionais do Trabalho (TRT). Contrário à intervenção da Justiça, o presidente da Confederação Nacional dos Bancários (CNB), ligada à CUT, Vagner Freitas, disse que a medida é um retrocesso e que vai rachar o movimento ainda mais: “Acho que a decisão foi precipitada, tomada no momento do desespero, que só fortalece os patrões”, disse Freitas.

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