Aço, tarifas e petróleo elevam IGP-M a 12,41%

O choque do petróleo, a alta continuada dos preços dos produtos siderúrgicos e o aumento das tarifas em 2004 levaram o IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) a encerrar o ano em 12,41%. Em dezembro, o índice apurou alta de 0,74%. A alta desses produtos causou um verdadeiro descompasso entre a inflação do atacado e do varejo. No ano, o IPA (Índice de Preços do Atacado) registrou alta de 15,09%. Já o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) acumulou uma inflação de 6,20%.

"A siderurgia foi o grupo que exerceu maior influência sobre a inflação neste ano", afirmou o coordenador de Análises Econômicas da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Salomão Quadros. O impacto da valorização de ferro, aço e derivados, que subiram 59,28% neste ano, pode ser verificado também na construção civil. O INCC (Índice Nacional de Custos da Construção) avançou 10,94%.

Tradicionalmente, o indicador acompanha o resultado da inflação no varejo, mas neste ano sofreu a influência da alta do aço sobre os materiais de construção. No atacado, as chapas grossas de aço chegaram a subir 80,72% e o ferro gusa, 89,37%.

Quadros não descarta novos aumentos para 2005, mas afirma que o impacto deverá ser menor. "Se o preço da siderurgia no mercado interno continuar subindo, vai chegar uma hora que sairá mais barato importar. O preço internacional vai exercer um limite e é possível que esse referencial já esteja muito próximo de ser atingido", disse.

Para o economista, a alta de quase 60% no mercado interno reproduz o aumento do aço no mercado americano, de 45% no atacado. Quadros destaca que a demanda pelos produtos tende a continuar acentuada no próximo ano. Em 2004, a metalurgia registrou aumento de 54,61%.

Outro foco de pressão nos preços do atacado foi a valorização do petróleo no mercado internacional, o que afetou os preços de produtos petroquímicos e combustíveis. As matérias plásticas subiram 49,61%.

Combustíveis e lubrificantes acumularam alta de 20,94%. Os produtos com maior variação foram o querosene para aviação, com 45,74%, e o álcool, com 42,68%. Entre os combustíveis que têm o preço controlado pela Petrobras, a gasolina no atacado subiu 14,68% e o diesel, 19,29%.

Apesar da valorização dos preços no atacado, Quadros descartou a hipótese de um repasse acentuado para o consumidor. O economista afirma que as maiores altas foram de produtos ainda no estágio inicial do processo produtivo, como químicos e siderúrgicos, de forma que até chegar ao consumidor os aumentos tendem a perder força. "Essa distância grande entre atacado e varejo não significa necessariamente que isso será transmitido para o consumidor", disse.

No varejo, a alta dos combustíveis e o reajuste dos serviços administrados, como telefonia e energia elétrica, contribuíram para pressionar o indicador. A maior influência veio da telefonia fixa, que acumulou alta de 13,44%, com o aumento autorizado pela Justiça para corrigir a diferença entre o índice oficial de inflação e o índice previsto em contrato, o IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna).

Para o consumidor, a gasolina registrou alta de 13,27% no ano. Segundo André Braz, coordenador de índice de preço da FGV, luz, gás, telefone, combustíveis, lubrificantes e transporte público foram responsáveis por 29% da inflação no varejo neste ano. Somente a tarifa de energia elétrica registrou alta de 8,35%.

Além de medir o comportamento dos preços no atacado e no varejo, o IGP-M é o índice de inflação usado como indexador em contratos de financiamento imobiliário e aluguéis.

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