Abate de gado suspeito não começa antes de sábado

O sacrifício sanitário dos quase 6,4 mil animais do Paraná, suspeitos de febre aftosa, não deve começar antes de sábado, dia 4. Isso porque as obras para a abertura das valas onde serão enterrados os 1.795 animais da Fazenda Cachoeira, em São Sebastião da Amoreira, ainda não foram concluídas. Os maquinários chegaram à propriedade no último domingo e a previsão é concluir a abertura das duas trincheiras – cada qual com 222 metros de comprimento, seis metros de largura e cinco de profundidade – até sábado. A Fazenda Cachoeira deve ser a primeira a ter o rebanho abatido no Paraná, especialmente porque os animais já foram avaliados e porque já conta com autorização ambiental para enterrar os animais. Ao todo, sete fazendas do Paraná terão seus rebanhos sacrificados.

?Estamos cumprindo as determinações do Ministério da Agricultura. Nos próximos dias vamos ter condições de efetuar o trabalho de sacrifício?, afirmou o chefe do Núcleo Regional da Secretaria da Agricultura de Cornélio Procópio, Carlos Roberto Moreira. Ele lembrou que as valas serão revestidas com manta impermeabilizante, exigida pela Secretaria do Meio Ambiente.

O sacrifício do rebanho da Fazenda Cachoeira não depende, porém, apenas da abertura das valas. O advogado da fazenda, Ricardo Jorge Rocha Pereira, não retirou da Justiça a liminar que exigia o depósito prévio da indenização. De acordo com a Justiça Federal, a União já entrou com recurso contra a liminar no Tribunal Regional Federal (TRF), da 4.ª Região. Com a liminar, o rebanho da Cachoeira não pode ser sacrificado.

Com relação à autorização ambiental, que deve ser emitida pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) para que os animais sejam enterrados nas propriedades, três das fazendas – Cesumar e Pedra Preta, em Maringá, e Flor do Café, em Bela Vista do Paraíso -, já foram vistoriadas por técnicos do instituto e contam com a autorização. Segundo a assessoria de imprensa do IAP, técnicos devem visitar hoje as fazendas Alto Alegre e São Paulo, em Loanda, e Santa Izabel, em Grandes Rios, para concluir a emissão dos documentos. As seis fazendas têm aproximadamente 4,5 mil cabeças de gado.

Necropsia

Mesmo que as valas estivessem prontas e as autorizações ambientais emitidas, outro entrave iria atrasar o sacrifício no Paraná esta semana. Até ontem, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em Brasília, não havia se manifestado sobre a necropsia de alguns animais que serão sacrificados. A realização das necropsias foi a condição imposta pelos proprietários rurais das sete fazendas apontadas como focos da doença para que o sacrifício fosse autorizado. O material será encaminhado ao Centro Pan-Americano de Febre Aftosa (Panaftosa) para exames.

?Ainda não tivemos uma resposta. Mas estamos fazendo o possível para que venha ainda esta semana?, afirmou ontem o superintendente do Mapa no Paraná, Valmir Kowalewski.

Para o coordenador do curso de Medicina Veterinária do Centro de Ensino Superior de Maringá (Cesumar), Raimundo Tostes, a demora do Mapa em se posicionar quanto às necropsias não chega a ser motivo de preocupação. ?Estão todos com um só objetivo: solucionar o problema o mais rápido possível?, disse. Segundo ele, o Mapa tem que definir as pessoas que farão parte da equipe responsável pelas necropsias e conta ainda com outras atribuições. ?Existem recursos materiais e humanos para ser acertados?, afirmou. Tostes fará parte da equipe de necropsia como representante dos pecuaristas, ao lado do virologista Amauri Alfieri, da Universidade Estadual de Londrina. Os demais membros serão escolhidos pelo Mapa e pela Seab.

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