Abastecer com álcool pode ser desvantagem

?Álcool ou gasolina?? Para os donos de veículos bicombustíveis – os chamados ?flex? -, essa passará a ser uma dúvida recorrente. Afinal, com o preço da gasolina caindo em Curitiba, e o do álcool subindo – por conta da liminar da Justiça, que fixou a margem de lucro dos donos de postos em 11% sobre a gasolina e 30% sobre o álcool -, muitos ficam sem saber qual é a melhor opção.

?Se o preço do litro do álcool custa até 60%, no máximo 70% do preço da gasolina, compensa colocar álcool. Se ultrapassar, compensa colocar gasolina?, explicou o subgerente técnico da concessionária Servopa, Rubens Antônio Carneiro. Ele lembrou que outros fatores também influenciam no rendimento do motor, como a forma de condução e o trânsito.

Para o economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, regional Paraná (Dieese-PR), Sandro Silva, muitas pessoas se iludem ao abastecer o carro com álcool, pensando que assim estão economizado. ?Segundo o Deral (Departamento de Economia Rural), o álcool rende 60% do que rende a gasolina?, afirmou. Em números, significa que com a gasolina sendo comercializada a R$ 2,22, compensa colocar álcool se o litro custar até R$ 1,33. ?O álcool é mais barato, mas rende menos?, apontou Silva. Com a gasolina a R$ 2,37 – preço praticado anteriormente -, compensava colocar álcool se o litro custasse até R$ 1,41. Com o álcool a R$ 1,70, o combustível passou a ser a pior opção.

Alta

Dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) indicam que o litro do álcool em Curitiba não pára de subir. Chegou a custar R$ 1,46 em fevereiro de 2003. A partir daí, o preço começou a cair, até chegar a R$ 0,964 em novembro daquele ano. Em abril do ano passado, caiu ainda mais e chegou a custar R$ 0,892. ?Desde então, só vem subindo?, apontou Silva. No mês passado, chegou ao patamar de R$ 1,46 – aumento de 64% em 11 meses.

Para o economista, a alta pode estar atrelada à demanda do mercado externo. Só o Paraná aumentou as exportações de álcool em 474% no valor – passando de US$ 4,9 milhões em 2003 para US$ 28,2 milhões em 2004 – e 422% no volume – de 19,8 mil toneladas para 103,5 mil toneladas. Segundo Silva, há ainda a estratégia de equiparar o preço do álcool às oscilações do petróleo. Segundo ele, em abril do ano passado o preço do álcool representava 47,25% do preço da gasolina. No mês passado, passou para 63,58%.

Grande demanda

Segundo o diretor comercial da concessionária Servopa, revendedora da Volkswagen, Marco Antônio Rossi, quase 80% dos veículos comercializados são flex. ?A demanda é bastante grande?, apontou. Do portfólio de produtos, apenas modelos como a Kombi, o Santana e o Golf não são bicombustíveis. Todos os demais já oferecem a opção. ?As montadoras partiram para este caminho, e o produto é muito bom?, avaliou.

Com relação aos preços, Rossi afirmou que eles se equiparam aos modelos a gasolina. ?Na época em que o Fox foi lançado – final de 2003 -, o total flex custava R$ 350,00 a mais. Agora, os preços são iguais?, garantiu.

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