A tangerina como alternativa de renda

Pequenos produtores do município de Cerro Azul, no Vale do Ribeira, estão conseguindo um preço melhor pela tangerina poncã, a partir da melhoria da qualidade da fruta. A caixa com 22 quilos da fruta, que na safra passada era comercializada a R$ 0,70, este ano está sendo vendida entre R$ 2,00 e R$ 2,50. A melhor qualidade é resultado da capacitação dos produtores e do uso de tecnologias adequadas durante o cultivo e no período de pós-colheita, como poda e classificação.

O trabalho foi viabilizado através do programa Paraná 12 Meses, do governo do Estado. O programa, coordenado pela Secretaria da Agricultura, repassou R$ 22 mil para 31 produtores de tangerina. O recurso viabilizou a instalação de um barracão, em fase final de construção, para a classificação da fruta e a compra de equipamentos como tesouras para poda das plantas, sacolas usadas na colheita e caixas para embalar as tangerinas.

Os produtores tiveram também o apoio do Paraná 12 Meses para a melhoria das condições de moradia, com reforma de casas e instalação de saneamento básico. Para isso, foram repassados mais R$ 40 mil a fundo perdido. “Os agricultores recebem ainda assistência técnica da Emater, através de cursos de poda e classificação, e foram inseridos no programa Hortiqualidade, para melhora da produção de hortigranjeiros com adequação às exigências do mercado consumidor”, diz o técnico Louri Blum, da Emater.

Um dos produtores beneficiados pelo trabalho é José Francisco Navarete. Ele conta que há quatro anos não conseguia elevar o preço do produto. “Agora, com a assistência que recebemos está muito mais fácil conseguir um espaço no mercado”, afirma. José Francisco cultiva 2 alqueires de tangerina poncã e utiliza mão-de-obra familiar. Na próxima safra, a classificação poderá ser feita já no barracão, que está quase pronto.

Cerro Azul é um município carente, onde a produção de hortigranjeiros é basicamente a única atividade viável. O clima favorece a produção de frutas, mas os produtores dizem que podem sair perdendo porque outras regiões possuem acesso mais facilitado. “As estradas são muito ruins, o que faz com que a nossa rentabilidade caia”, comenta o produtor Nilson José Luciani.

Nilson tem 3 alqueires de terra, mas planta apenas meio alqueire com poncã. Ele diz que é muito importante classificar o produto, já que o mercado está cada vez mais exigente. A classificação é feita de acordo com o tamanho, cor e imperfeições das frutas.

Mercado

Atualmente, 2.200 produtores cultivam tangerina em Cerro Azul, numa área de 7.500 hectares. A produção total prevista para este ano é de 8 milhões de caixas, sendo 95% da produção de tangerina poncã. No Estado, a produção é comercializada com a Ceasa e redes de supermercados, como Carrefour e Pão-de-Açúcar. A poncã também é vendida para os mercados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro.

De acordo com o técnico Louri Blum, a região do Vale do Ribeira responde por 70% da produção nacional de tangerina poncã. O técnico defende a diversificação das variedades, para poder comercializar ao longo do ano e não só de maio a julho, como acontece hoje. “Precisamos plantar variedades precoce, meia-estação e tardia para poder vender de março a outubro”, argumenta. Outra preocupação é investir na adequação das embalagens das frutas, buscando ampliar o mercado e agregar mais renda ao produto. “A tendência é começar a trabalhar com embalagens menores, atendendo a uma demanda do consumidor”, diz o técnico.

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