Bolso Inteligente

13º é uma boa chance de reorganizar as finanças

Os assalariados têm até a próxima sexta-feira para receber a primeira parcela do tão esperado 13.º salário e, tanto para quem conseguiu poupar ao longo do ano, quanto para quem está inadimplente, o benefício abre a possibilidade de retomar o controle da situação financeira. Isso representa muito mais do que pagar dívidas atrasadas apenas para restabelecer o crédito temporariamente e se complicar novamente ao longo de 2015. A decisão exige um diagnóstico responsável sobre o próprio padrão de vida e se ele está adequado à renda.

Para quem está inadimplente, a resposta é óbvia. “Está vivendo uma ilusão, em um padrão que não é compatível”, define o terapeuta financeiro Reinaldo Domingos, presidente da DSOP Educação Financeira. Na contramão da recomendação trivial de priorizar o pagamento de dívidas, ele defende que o 13.º salário precisa ser encarado como uma oportunidade de reparar o descontrole entre rendimentos e despesas de 2014, a fim de corrigir a rota a partir de 2015.

“Quem não faz o diagnóstico da situação, define sonhos, organiza as contas e planeja o orçamento, apenas sacrifica o 13.º”, comenta. “Se a pessoa seguir em desequilíbrio entre rendimentos e despesas vai tornar a ficar endividada, e sempre estará usando o dinheiro a mais do fim do ano para combater o efeito e não a causa do descontrole financeiro”, aponta Domingos, destacando que um dos sonhos a ser incluído necessariamente é o de quitar dívidas.

O presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças no Paraná (Ibef-PR), Clecio Chiamulera, faz algumas ressalvas neste caminho. “O planejamento é fundamental, mas quem está no cheque especial ou pagando o mínimo do cartão de crédito tem que liquidar com esse tipo de dívida o quanto antes, pois trata-se de um juro abusivo, em torno de 200% ao ano”, afirma.

Dentro da meta de equalizar as contas, vale observar antes de gastar quanto será o valor total entre primeira parcela que entrará até sexta e a segunda, a ser paga até o dia 20 de dezembro, que será menor, pois nela estarão descontados o Imposto de Renda (IR), a contribuição para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), pensões alimentícias, e até mesmo contribuições associativas previstas em algumas convenções coletivas.

De posse do quanto receberá a mais, cada pessoa deve diagnosticar qual é situação financeira e trilhar caminhos (veja o quadro), sem perder o foco de ajustar as despesas ao padrão de vida. “O endividamento é um problema que tem de ser resolvido com o próprio salário, reduzindo os gastos, pois o 13.º salário foi criado, em 1962, como benefício extra”, explica Domingos.

Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socieconômicos (Dieese), só em Curitiba, serão injetados R$ 2,7 bilhões por conta do benefício. Em todo o Paraná, serão R$ 8,5 milhões.