É dando que se recebe

É incrível a capacidade que certos políticos têm de repetir erros cometidos antes deles. O último exemplo vem do deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), líder do governo na Câmara, mordido pela mosca azul e lançado pela bancada federal do partido à presidência da Casa.

Repete-se o episódio da última eleição, altamente desgastante para o PT e, mais ainda, para o governo, quando dois petistas lançaram-se à disputa, permitindo a galvanização dos interesses corporativos do chamado baixo clero em torno do deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), o vitorioso.

O lançamento de candidato petista e a manifestação aberta do presidente Lula em prol da reeleição de Aldo Rebelo (PCdoB-SP), liberto do constrangimento de pertencer a um partido que sequer atingiu o percentual de votos estipulado pela legislação e, por conseguinte, inepto para desenvolver atividades no Congresso, pela extinção da cláusula de desempenho, aguçou também a maior bancada da Câmara, o PMDB, no sentido de lançar candidato próprio.

Chinaglia iniciou a campanha de olho gordo na fértil seara do baixo clero, antecipando uma eleitoreira simpatia pela equiparação salarial dos deputados federais com os ministros do STF. A seu juízo, suas excelências também merecem R$ 24,5 mil mensais na parte fixa de seus vencimentos. E, repete, sem o menor pudor, a postura do patusco Severino, que também prometia elevar o salário dos deputados, embora tivesse num enérgico protesto.

Para os articuladores da coalizão, a candidatura petista cheira a novo divisionismo da base partidária, tanto que sem desmerecer o intento do líder governista na Câmara, o presidente da executiva nacional, Marco Aurélio Garcia, doutrinou que as candidaturas postas deverão evoluir para um nome de consenso.

Entrementes, não é segredo que a preferência pessoal de Lula recai sobre Aldo Rebelo, político de hábitos reservados e vôo baixo, mas de absoluta lealdade aos desígnios do Planalto. De resto, parlamentar sempre disposto ao diálogo, inclusive com os partidos da oposição, hoje, uma moeda em ascensão nas contas de Lula.

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