Dossiê: PF suspeita que dinheiro veio do jogo do bicho

Parte do dinheiro que petistas levantaram para comprar o dossiê Vedoin saiu dos cofres da contravenção. A revelação foi feita ontem pela Polícia Federal a um grupo de deputados que integram a CPI dos Sanguessugas e ontem estiveram em Mato Grosso em busca de informações sobre a trama fracassada que já custou a cabeça de alguns dos principais conselheiros e aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Os indícios de que o PT se valeu do jogo do bicho para arrecadar a montanha de R$ 1,75 milhão são, na avaliação da PF e da CPI, as notas velhas, em grande volume e de pequeno valor, de R$ 5 e R$ 10, apreendidas em poder de Gedimar Passos e Valdebran Padilha. Os dois foram capturados com a bolada na madrugada de 15 de setembro em São Paulo. Também reforçam a suspeita dos investigadores as tarjas que envolvem uma parcela dos maços de reais – ao todo, os petistas foram flagrados com R$ 1,16 milhão e US$ 248,8 mil.

Essas fitas são habitualmente usadas pelos bicheiros, segundo o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), da comissão parlamentar. "Notas muito gastas, muito manuseadas, envoltas nessas fitas com a chancela de máquina registradora antiga são coisa típica de procedimento adotado pelo jogo do bicho", anotou Sampaio. "Falo isso como promotor de Justiça que sou há 20 anos. Já atuei em muitos casos semelhantes de combate à contravenção.

Para ele, o dinheiro não declarado pode ser de caixa 2 do PT. "Já falaram que a origem pode ser o narcotráfico ou o tráfico de armas, mas há indícios de que é o bicho. Isso não tem a menor dúvida. Indícios de todas as ordens. O formato de fitas apreendidas é de jogo do bicho." Em duas dessas fitas aparecem os números 118 e 119. Para a PF são identificações de bancas do bicho, localizadas nos bairros de Caixas e Campo Grande, no Rio. "É esquisitíssimo esse negócio", avalia Carlos Sampaio. A PF também trabalha com a hipótese de que a outra parte do dinheiro pode ter saído de casas de bingo.

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