Dose de estímulo

Nada que justifique uma comemoração em excesso, mas haverá ligeira melhora no desempenho do setor produtivo em 2006. A percepção é chancelada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com base na redução das taxas de juros e crescimento contínuo da economia mundial.

A instituição prevê para o próximo ano o crescimento de 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB), superando por pouco os sofríveis 2,5% do ano que chega ao fim. Estima-se que a expansão será puxada pela indústria, cujo resultado deverá sobrepujar em 4,2% o total produzido em 2005.

O consumo privado deverá crescer 3,2% e o nível de investimentos, o indicativo mais confiável para detectar se há ou não crescimento, deverá aumentar 6,5% em 2006. Sob esse enfoque, serão melhores os números de emprego, inflação, câmbio e dívida pública. Não deixa de ser uma boa dose de estímulo aos brasileiros depois de vários anos de sufoco.

A CNI também calculou o saldo comercial do próximo exercício em US$ 43,5 bilhões, portanto, um pouco menor que o atual (US$ 44,3 bilhões). O Brasil vai exportar US$ 130 bilhões e importar US$ 86,5 bilhões.

Mas, para haver crescimento sustentado, a ambrosia perseguida há tanto tempo, os empresários reafirmam que o governo deve se esforçar muito mais para controlar a dívida, gastar com maior objetividade e reduzir a carga tributária, um ralo que engole um terço de toda a riqueza produzida no País.

Outra providência inadiável para o governo é franquear à opinião pública todos os dados referentes ao fluxo do dinheiro confiado ao erário e quais são as reais prioridades da gestão pública. Ou seja, quando o contribuinte tiver pleno conhecimento do destino dado aos impostos e contribuições, a relação de confiança será restabelecida.

Conclui-se que a tarefa da administração pública não é nenhum problema insolúvel, tendo em vista a experiência conquistada nas últimas décadas, sobretudo pelos setores operacionais do aparelho de Estado.

Não se concebe, no extremo oposto, um Estado aprisionado pela burocracia e pelo empreguismo, alheio aos reclamos da sociedade, que só é benquista ao comparecer, sem delongas, aos guichês da arrecadação.

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