Dois PMs indiciados em chacina são suspeitos de outro crime na Baixada

Dois dos 11 policiais militares indiciados por suposta participação na chacina da Baixada Fluminense, o soldado Fabiano Gonçalves Lopes e o cabo José Augusto Moreira Felipe, são suspeitos também do assassinato de Rodrigo Coimbra de Figueiredo, de 17 anos, morto em 19 de março, 12 dias antes do massacre em que 29 pessoas foram mortas. Lopes e Felipe já foram reconhecidos por testemunhas do assassinato do rapaz.

O crime foi na Estrada dos Caramujos, no município de Japeri, também na Baixada. Segundo relato de moradores da localidade, os PMs chegaram de moto à procura de um homem que seria traficante. Figueiredo teria sido executado por engano. O homicídio foi registrado na 63ª DP (Japeri). Os dois policiais já haviam sido identificados anteriormente como assassinos de outras pessoas.

Parentes de vítimas da chacina se reuniram hoje à tarde com promotores que acompanham o caso para se informar sobre o rumo das investigações. Os promotores explicaram a eles que a prorrogação para a conclusão do inquérito policial por mais 30 dias é importante para garantir a condenação dos PMs suspeitos do crime. "A resposta que queremos dar não é a prisão temporária nem preventiva dos policiais. E, sim, a definitiva que vem com a condenação", afirmou o promotor Marcelo Muniz, do Tribunal do Júri de Nova Iguaçu.

A equipe do Ministério Público de Nova Iguaçu recebeu um grupo com parentes de 10 pessoas assassinadas. Elas disseram que não querem vingança nem que sejam punidos inocentes. Marcelo Muniz lhes informou que até agora já há provas periciais "bastante satisfatórias" para denunciar parte dos PMs. Mas ainda faltam outras que deverão ser colhidas nos próximos 30 dias.

Um segundo grupo de familiares com 30 pessoas, moradores do município de Queimados, era aguardado pelos promotores até o fim da tarde. Eles viriam de ônibus de Brasília onde se encontraram com o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e o presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti. Segundo representantes de organizações não-governamentais, que vêm acompanhando o caso, estas famílias receberam ameaças por meio de telefonemas e até mesmo pessoalmente.

Os promotores e os policiais que apuram a chacina estão se reunindo diariamente para trocar informações. A decisão de estender a apuração foi tomada em conjunto entre o MP e a Secretaria de Segurança Pública (SSP). Entre as provas técnica ainda pendentes está a perícia em um Vectra branco, que pode ter sido usado por policiais no recolhimento de cápsulas do chão depois do crime.

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