Dívidas de concessionária comprometem Ferroeste

A Ferropar, empresa que administra o trecho da Ferroeste, apresenta ano a ano seqüentes prejuízos financeiros que colocam em dúvida a continuidade operacional da concessionária nos 248 km da ferrovia que liga Cascavel a Guarapuava. A afirmação é da gerência de Fiscalização Econômica e Financeira da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

O estudo demonstra que, em 2004, a Ferropar apresentou sucessivos prejuízos atingindo o valor de R$ 33 milhões, chegando a um patrimônio líquido negativo de aproximadamente R$ 56 milhões ao final do ano passado.

?Este desequilíbrio vem sendo gerado, principalmente, pela falta dos investimentos necessários para que a Ferropar possua uma infra-estrutura adequada ao atendimento de suas metas de produção suficiente à remuneração desses investimentos?, apontou o levantamento feito pela ANTT.

Segundo relatório elaborado neste mês pela agência, a empresa não se encontra bem estruturada sob ponto de vista econômico e financeiro, devido ao grau de endividamento, ao baixo grau de liquidez e uma rentabilidade negativa, não permitindo retorno do capital próprio e de terceiros investidos.

Os problemas financeiros da empresa são ressaltados ainda por meio de parecer, referente ao exercício de 2003, elaborado por uma empresa de auditoria e incluindo no relatório financeiro da ANTT. ?A companhia tem apurado prejuízos repetitivos em suas operações e apresentou passivo a descoberto no encerramento do exercício, o que suscita dúvidas sobre sua continuidade operacional?, diz um dos auditores.

?Pode-se concluir através deste relatório que a empresa está em processo de insolvência?, afirmou o diretor-presidente da Ferroeste, Martin Roeder. A Ferroeste foi construída pelo Exército no governo anterior de Roberto Requião, entre 1991 e 1994, e privatizada pelo governo seguinte.

O desmonte da frota, com a não aquisição de locomotivas e de vagões, como já havia sido apontado em outro relatório da agência, é mais um agravante para a situação financeira da empresa. ?A retirada significativa do material rodante, impossibilita a Ferropar de prestar de forma adequada os serviços objeto da sua subconcessão?.

Processos

O relatório aponta ainda que a empresa está respondendo por dois processos administrativos pelo não cumprimento de obrigações contratuais ou firmadas na licitação.

Conforme técnicos da ANTT, um dos processos trata do não cumprimento da abertura do capital da empresa. Pelo edital, a Ferropar deveria ter iniciado a negociação de suas ações na bolsa em 1999, ou seja, dois anos após a assinatura do contrato. Já o outro processo refere-se à alienação das ações do grupo controlador.

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