Dívida externa tem forte queda e fica em 28,2% do PIB

Brasília (AE) – As contas do Banco Central em agosto trouxeram um dado alentador: a dívida externa está caindo. O resultado mais recente – o de junho – mostra que essa dívida totaliza US$ 191,309 bilhões, cifra equivalente a 28,2% do Produto Interno Bruto (PIB). No primeiro ano do atual governo, o endividamento do País no exterior correspondia a 42,4% do total da produção nacional. Os indicadores divulgados hoje (21) pelo BC apontaram ainda que o volume das reservas internacionais em junho, de US$ 59,885 bilhões, seriam suficientes para cobrir com sobras os pagamentos da dívida pelos próximos 12 meses.

"A situação da dívida externa brasileira melhorou, assim como o grau de sustentabilidade das contas externas", afirmou Altamir Lopes, chefe do Departamento Econômico do Banco Central.

A rigor, os números indicam que o Brasil conseguiu dar uma virada positiva necessária nas suas contas com o exterior, a partir de 1999, e continuou a angariar resultados cada vez mais favoráveis. Esses dados são lidos por investidores e analistas como um sinal claro de que o País tem condições de cumprir com seus compromissos com os credores externos e que a possibilidade de calote está cada vez mais longe.

De acordo com Lopes, desde o início da formulação da série histórica da dívida externa, em 1947, não se viam indicadores tão favoráveis. A razão entre a dívida e as exportações de bens alcançou o indicador de 1,8 em junho. Em março passado, era de 2 e, em 2003, chegava a 2,9. Incluídas as exportações de serviços, esse indicador foi ainda melhor: 1,6. Segundo Lopes, esses números dariam as condições para que o Brasil pudesse ser elevado pelas agências avaliadoras de risco ao grau de investimento ("investment grade") , o que reduziria o custo das captações brasileiras públicas e privadas no exterior.

Na comparação com as reservas, o Banco Central verificou que o volume de junho correspondeu a 116,2% da dívida de curto prazo somada às amortizações da dívida de médio prazo, que devem ser feitas em um prazo máximo de 12 meses – calculada em US$ 51 518 bilhões. Ou seja, sobrariam US$ 8,367 bilhões. O País não desfrutava de uma situação tão confortável desde dezembro de 1995, quando essa relação havia alcançado 123,4%.

O economista apontou ainda outros indicadores da capacidade dos setores público e privado cumprirem com os pagamentos de juros e amortizações da dívida externa. O serviço da dívida, algo como US$ 47,4 bilhões em junho, correspondeu a 44,4% das exportações de bens. Esse foi o menor porcentual desde dezembro de 1994. Somente o pagamento dos juros foi equivalente a 13,3% das vendas de produtos ao exterior -índice mais baixo desde dezembro de 1972.

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