Rio – As distribuidoras de gás natural de Sul do País, que pagarão mais caro pelo gás boliviano a partir de janeiro, estão negociando com a Petrobras uma mudança na fórmula de repasse, parcelando o reajuste. O objetivo é reduzir o impacto para o consumidor final. Segundo a Petrobras, a negociação existe, mas ainda não se conseguiu chegar a um ponto de convergência.
A direção da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás) informou ter apresentado proposta à estatal para que parte dos repasses seja feita apenas em 2007. A Petrobras, por sua vez, afirma que a negociação que está em curso está sendo feita diretamente com as distribuidoras, com o acompanhamento da Abegás.
Com o reajuste de janeiro, que deve ficar abaixo de 12% para as distribuidoras, segundo o gerente executivo de comercialização de gás natural, Rogério Manso, a Petrobras pretende zerar a diferença entre o que paga pelo gás importado da Bolívia e o que é repassado.
A Petrobras esclarece ainda que não faz estimativas de preço para o consumidor. O impacto ao consumidor dependerá de cada integrante da cadeia de distribuição (distribuidora e postos), de aspectos regulatórios específicos das diferentes áreas de concessão e da participação do custo do gás no preço de cada segmento. O mercado estima este reajuste entre 3% e 4%.
Para o secretário de Energia, Indústria Naval e Petróleo do estado do Rio de Janeiro, Wagner Victer, uma alternativa que os Estados deveriam adotar para minimizar o impacto do reajuste é a redução das margens das distribuidoras.
O secretário criticou o fato de a Petrobras começar a reajustar o gás natural boliviano trimestralmente a partir do próximo ano, ao contrário do que fez nos últimos dois anos. "A Petrobras manteve os preços do gás durante o período em que incentivou a indústria a migrar para este tipo de combustível. Agora quer mudar as regras do jogo, mas o segmento industrial não pode viver com estas oscilações", comentou.