Dinheiro para aposentado

Depois de tantos fracassos na elaboração ou execução de seus programas de impacto, o governo Lula parece haver acertado em cheio com o de empréstimos bancários para aposentados do INSS. Tais empréstimos, operados por entidades financeiras estatais, como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, e por bancos particulares que aderiram ao programa, atendem aos aposentados, oferecendo dinheiro a juros relativamente módicos em se considerando que o Brasil é campeão mundial dos juros altos, e a prazos longos, o que permite ao mutuário pagar valores pequenos e a perder de vista. Fica ele atendido em uma de suas necessidades, que é a de numerário imediato, e com a ilusão de que estará pagando pouco, sem saber que em muitos países os juros que paga por mês são iguais ao que lá pagam por ano.

Outra vantagem é que as prestações são descontadas dos proventos de aposentadoria. Há desconto em folha, o que é uma vantagem para os bancos, que têm garantido o retorno do dinheiro. Quanto a ser vantagem para os aposentados, o é pela comodidade do pagamento, que não exige sua ida ao banco mutuante. Mas há uma desvantagem intrínseca, que é a facilidade de operação do empréstimo. Ela induz o aposentado a fazer o empréstimo, ou seja, sacar contra o futuro. E sacar contra o futuro no Brasil já é uma temeridade para classes de maior renda. Quanto mais para os aposentados, cuja remuneração é ínfima e sobre quem pesam a idade avançada e/ou os males de doenças que os levaram a inatividade.

O Instituto Nacional do Seguro Social informa que tal tipo de empréstimo já está sendo operado por onze instituições financeiras e que, até a semana passada, os bancos já haviam fechado 1,3 milhão de contratações, no valor de R$ 3,5 bilhões.

Sem dúvida, uma importância bem volumosa, que é transferida do sistema financeiro para os aposentados do INSS e que retornará em muitos meses. O limite estabelecido é 36 meses, mas há empréstimos, num percentual de 7,65%, que foram feitos em maior prazo. Um número de 1.180 contratos chegaram a cinco anos para pagar.

O que parece escapar aos instituidores do programa, aos homens do governo Lula e aos próprios mutuários, os aposentados, é que as aposentadorias do INSS, limitadas pelo salário mínimo, são ínfimas. Um aposentado ganha pouquíssimo e receberá menos ainda, se fizer o empréstimo, pois de seus proventos será descontada na fonte a prestação de mutuário.

A realidade que se apresenta, neste primeiro momento, é que a maioria dos que pegaram o dinheiro ganha um salário mínimo. O sucesso do programa se deve à boa vontade do governo e à miserabilidade dos aposentados.

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