Dinheiro e mentira

Fabulosas quantias de dinheiro são citadas por um lado e outro do formidável exército de pigmeus que tomou conta do cotidiano do País. A facilidade com que se fala de milhões de dólares é, por baixo, um escárnio cruel ao deprimente estado de penúria da multidão de patrícios cuja sobrevivência depende dos caraminguás drenados pela estratégica benevolência dos programas sociais da máquina pública.

O banqueiro Daniel Dantas, dono do Banco Opportunity, confirmou à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), do Senado, ter recebido dois pedidos de doação de dinheiro ao Partido dos Trabalhadores, com o cuidado de frisar que não chegou a detectar a mínima aura de extorsão em ambas as solicitações. Os emissários petistas que procuraram o banqueiro foram Ivan Valente, mais tarde nomeado presidente do Banco Popular do Brasil, e Delúbio Soares, tesoureiro do partido, no primeiro ano do mandato de Luiz Inácio, que lhe solicitou o reles adjutório de US$ 50 milhões. Em troca o Opportunity teria facilidades junto aos fundos de pensão que brigavam pelo afastamento do banco do controle da Brasil Telecom. Dantas confirmou ter levado o assunto à diretoria do Citibank, em Nova York, sócio majoritário da Brasil Telecom, onde jurou ter ouvido um não categórico quanto aos pedidos do partido do governo.

O pior é descobrir com quem está a verdade nesta sarabanda de declarações que se cruzam com a versatilidade só facultada ao mitológico rei Midas, cujo toque milagroso transformava tudo em ouro puro. Menos a mentira, é claro.

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