A denominação Amigos do Peixe, utilizada para unir pessoas de interesse comum ao tema, não é uma confraria. É sim um método de trabalho do Emater, instituto oficial de extensão rural vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, para reunir, sempre na tarde da primeira segunda-feira de cada mês, um grupo de integrantes da cadeia produtiva da aqüicultura, na sala de reuniões da Via Rural, no Parque de Exposições Governador Ney Braga, em Londrina.
Criado pelo engenheiro de pesca Luiz Eduardo de Sá Baretto ?Lula?, técnico especialista do setor para o norte do Estado, durante a Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina de 2005, o Amigos do Peixe firmou tradição de mensalmente trazer para debate os temas de importância da aqüicultura, em especial da cadeia produtiva do peixe de água doce criado em sistemas de tanques redes e tanques escavados.
São assuntos que contemplam a programação futura de eventos técnicos no Estado e no País, novidades tecnológicas como a criação do camarão gigante da Malásia em consórcio com a tilápia, problemática da organização da produção e do aqüicultor, intensificação das articulações para formação de novas parcerias, diversidade de rumos da comercialização, que carece de estabilidade pela falta de frigorífico na região, e da sazonalidade de oferta, freqüência e volume de pescado para o mercado consumidor e atendimento da demanda irregular dos pesque-pague.
Na última reunião, ocorrida na tarde do dia 13 de julho, rompendo a tradição da data e da consagrada confraternização final com gastronomia farta de peixe, foi convidado o engenheiro agrônomo Jefferson ?Jacaré? Osip, presidente da Associação dos Produtores de Peixe em Tanque Rede, para relatar como andam as tramitações financeiras e estruturais do frigorífico a ser inaugurado ainda neste final de ano, em Cornélio Procópio, com capacidade base de seis mil quilos/dia e chegar breve a 18 mil quilos, escalando três turnos no processamento industrial.
Segundo ?Jacaré?, o terreno de dois alqueires doado pela Prefeitura Municipal irá receber investimento estadual de R$ 1,4 milhão do Programa Paranacidade, aplicado na construção, e R$ 550 mil do governo federal nos equipamentos, com a contrapartida dos associados de R$ 400 mil, sendo a metade destinada ao capital de giro na comercialização dos primeiros meses de operação. ?Agora estamos estudando passar a associação para uma nova cooperativa e fazer chamada de capital através de oferta de cotas entre os integrantes da atividade aqüicola da região?, anunciou Jacaré.
Além do frigorífico de pescado, os 1,8 mil aqüicultores do norte calculados por ?Jacaré?, já podem contar com o apoio da Associação dos Criadores de Peixe em Tanque Rede em sua sede própria em Bandeirantes, dos convênios com a Duke Energy, da pesquisa científica pelos trabalhos de investigação acadêmica e laboratórios da UEL, UEM e Faculdade de Bandeirantes e de uma estação de reprodução de peixes. Nessa busca de alavancar a aqüicultura regional, a piscicultora Petra Maria Wagner, presidente da Associação Rolandense de Aqüicultores (com 12 anos de existência e 30 associados, que terá em breve a mudança nominal para Associação Norte Paranaense de Aquicultores) destacou a parceria da Sociedade Rural do Paraná na liberação de uma sala para sede física da entidade e da campanha de adesões de novos associados.
A participação nas reuniões Amigos do Peixe é gratuita e democrática, ?basta estar interessado no assunto e que venha de espírito aberto para contribuir com o desenvolvimento do setor?, assegura o extensionista ?Lula?.