Desemprego voltou a subir após 3 meses e fechou setembro em 9,6%

Rio (AE) – O mercado de trabalho foi marcado por aumento do desemprego e estagnação da renda em seis das principais regiões metropolitanas do País em setembro. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego subiu para 9,6% no mês, ante 9,4% em agosto. A pequena elevação, após três meses de taxa inalterada, foi provocada pelo crescimento da procura por vaga, com incremento de 3,6%, de um mês para o outro, no número de desocupados.

O aumento da ocupação (0,9%) no período não foi suficiente para absorver o contingente de desempregados. No bolso dos que estavam ocupados, o rendimento médio real ficou estável após três meses de expansão ante mês anterior e cresceu 2% ante setembro de 2004. Para Cimar Azeredo Pereira, gerente da pesquisa, as taxas de juros elevadas e o cenário político estão levando a incertezas que inibem os investidores na abertura de mais postos de trabalho. Guilherme Maia, da Tendências Consultoria, avalia que "o mês de setembro conjugou um ritmo fraco de criação de vagas com um aumento acentuado na desocupação".

Para Pereira, apesar da "estabilidade" na taxa, os dados do mercado de trabalho de setembro são positivos. O argumento é que a ocupação voltou a crescer após três meses de estagnação e o aumento dos desocupados não foi resultado de demissões, mas de maior procura daqueles que estavam fora do mercado por uma vaga.

Ele avalia que no fim do terceiro trimestre as pessoas vão começar a buscar as vagas temporárias que são criadas no fim do ano no comércio ou turismo, ou tentam aproveitar o aquecimento das encomendas na indústria. Além disso, a lentidão no crescimento da ocupação nos últimos meses acabou aumentando o estoque de pessoas que esperavam um movimento positivo na criação de vagas, o que ocorreu em setembro, levando mais pessoas à procura de emprego. "Não foram demissões que provocaram o aumento da taxa, mas o crescimento no número de pessoas que não estavam em busca de trabalho e voltaram a procurar vaga", disse Pereira.

O especialista em mercado de trabalho do Instituto de Pesquisas Econômicas e Aplicadas (Ipea), Marcelo de Ávila, também avalia que houve alguma melhora no mercado de trabalho, por causa do aumento da ocupação. Ele acredita, assim como Pereira, que a taxa de desemprego deverá recuar no quarto trimestre, como acontece historicamente nessa época do ano.

Renda

O mercado de trabalho nas seis regiões chegou a setembro com 2,14 milhões de desocupados. O número de ocupados totalizava 20,07 milhões e o salário médio pago era de R$ 974,90 o mesmo de agosto.

Pereira explicou que a queda de 1,2% no rendimento médio real na região metropolitana de São Paulo em setembro ante agosto foi responsável pelo recuo da renda na média da pesquisa. Segundo ele, os segmentos que mais contrataram na região em setembro – comércio, construção e serviços domésticos – são os que pagam os menores salários. O rendimento caiu nos dois segmentos que pagam os melhores salários em São Paulo: indústria (-4%) e serviços prestados às empresas (-1,1%). Apesar da queda ante mês anterior, o rendimento na região subiu 1,1% ante setembro de 2004.

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