Deputado paranaense prevê cassação de Lula

Brasília (AE) – Escolhido pela fidelidade ao governo o relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), surpreendeu os líderes da base aliada e de oposição ao prever um futuro sombrio para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O governo ficou em alerta depois da avaliação de Serraglio de que as investigações da CPI poderão levar à cassação de Lula, num processo semelhante ao que culminou com a cassação do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Amanhã (21), o ex-diretor de Administração e Contratação de Material dos Correios Maurício Marinho depõe na comissão, que deverá aprovar o pedido de quebra do sigilo bancário, telefônico e fiscal.

"Ele (Serraglio) deve ter muita cautela com seus pronunciamentos para não fazer pré-julgamentos", disse hoje o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), ao observar que não havia conversado com o relator.

"Vi várias lideranças achando inadequadas essas declarações", completou. "Não há nenhuma similaridade entre uma situação e outra, apesar do quadro nacional inspirar cuidados", reagiu o líder do PT e presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS).

A avaliação de líderes governistas é que Serraglio não fará nada para desviar o rumo das investigações da CPI. "Não acredito que alguém de bom senso tenha a coragem de desviar o curso real de uma CPI dessa natureza", afirmou o líder do governo no Congresso, senador Fernando Bezerra (PTB-RN). Para o senador Cristóvam Buarque (PT-DF), Serraglio terá de atuar com firmeza para evitar a perda de credibilidade.

"Esse relator vai ter de ser duas vezes mais duro do que outro que fosse de oposição e ainda vai ficar com metade da credibilidade", disse Buarque. "Estou doido para me emocionar com a atuação do Osmar Serraglio e do Delcídio Amaral", brincou o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), um dos integrantes da CPI.

Até o início da noite de hoje, a CPI tinha recebido 146 requerimentos para convocar autoridades e com pedido de quebra de sigilo bancário. A expectativa dos integrantes da CPI era que Marinho, que foi flagrado recebendo, supostamente, propina de R$ 3 mil, repita o mesmo depoimento dado à Polícia Federal (PF) e inocente o presidente nacional licenciado do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ), de integrar um suposto esquema de corrupção na estatal. "Vamos tentar descobrir a serviço de quem o Maurício Marinho estava. Por isso, vai ter de haver a quebra de seu sigilo bancário, telefônico e fiscal", disse Paes.

Depois de Marinho, a CPI convocará para depor o ex-diretor da estatal Antonio Osório. Também serão convocados a depor Arthur Wadheck Neto, que teria mandado gravar a conversa com o ex-diretor dos Correios, e os dois empresários que gravaram o encontro com Marinho.

"A nossa idéia é esgotar todos os depoimentos em relação aos Correios e, a partir daí, partir para uma outra fase da CPI" disse Amaral.

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