Deputada “dançarina” é afastada do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar

Uma semana depois de dançar no plenário, a deputada Ângela Guadagnin (PT-SP) foi afastada do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara para responder a um processo por falta de decoro. O presidente do órgão, Ricardo Izar (PTB-SP), anunciou o desligamento de Ângela assim que chegou ao colegiado o pedido do PPS para que ela seja processada por conduta indevida, antes mesmo do cumprimento das etapas burocráticas da representação. Pelas regras da Casa, um deputado submetido a ação disciplinar não pode integrar o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Ângela, que sustenta não ter cometido nenhum ato de ofensa ao decoro e à ética, deverá recorrer da decisão, mas analisa ainda o local mais apropriado.

A deputada do PT de São Paulo não esteve hoje na reunião do Conselho de Ética e Decoro na qual foi aprovado o pedido de cassação do deputado José Mentor (PT-SP). Ângela foi substituída pela suplente, deputada Neyde Aparecida (PT-GO), que considerou um exagero a reação contra uma "manifestação espontânea" dela. Na madrugada do dia 23, Ângela comemorou a absolvição do deputado João Magno (PT-MG) do processo de cassação, dançando entre as cadeiras e no corredor do plenário.

O presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (PE), pré-candidato a presidente, argumentou que a deputada do PT "mostrou escárnio" contra os que tinham posição contrária à dela sobre o processo. "(Ângela) levantou-se e caminhou, sambando, de braços erguidos para zombar do povo brasileiro e dos 201 deputados que votaram pela cassação", afirma no documento, que sugere censura verbal ou escrita como punição à deputada. Freire argumenta ainda que Ângela se comportou de forma "provocativa" e que até mesmo nos jogos de futebol a comemoração que "ultrapassa os limites do regozijo para agredir ou diminuir o adversário, é punível".

Os deputados Júlio Delgado (PSB-MG) e Carlos Sampaio (PSDB-SP) haviam pedido à deputada que se afastasse, espontaneamente, do Conselho de Ética, mas ela se negou a fazê-lo. Na reunião de hoje do conselho, o deputado Edmar Moreira (PFL-MG) defendeu Ângela. "Chega! Se não respeitarem a mulher deputada que respeitem a mulher mulher, a mulher mãe", afirmou. "Vão procurar outro Cristo", completou.

Além do pedido do PPS, há na Corregedoria da Câmara uma representação contra a deputada petista, de autoria do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), na qual ele pede uma censura e um exame do comportamento dela, encaminhado pelo presidente da Casa, Aldo Rebelo (PC do B-SP), sem sugestão de punição. O corregedor da Casa, Ciro Nogueira (PP-PI), aguarda o pronunciamento de Ângela antes de preparar o parecer.

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