Depois do bom começo, grandes de São Paulo caem na real

Há uma semana, a torcida do Corinthians, empolgada, corria para comprar ingressos para o jogo no Pacaembu contra o Ituano. O time havia vencido as três partidas que tinha feito no Campeonato Paulista e estava embalado. Os palmeirenses também já contabilizavam uma vitória sobre o caçula Barueri e a manutenção dos 100% de aproveitamento.

Os são-paulinos estavam igualmente animados, pois entendiam que o tropeço diante do Paulista de Jundiaí (2 a 2) só aconteceu por obra e graça do juiz. Sete dias depois, a "ficha caiu". Os tropeços nas últimas duas rodadas mostram que a vida do Trio de Ferro não será tão fácil como os primeiros resultados sugeriam. Para que engrenem vai ser preciso muito trabalho e, provavelmente, reforços.

O Corinthians é o retrato da confusão. As duas derrotas, para Ituano e São Caetano, foram agravadas por expulsão de jogadores, batida em retirada de outros (Christian e Fagner), críticas da torcida, descontrole dos atletas e até quebra-pau entre conselheiros.

O clima anda tumultuado, e o técnico Leão – que, diga-se, sempre arranja justificativas externas para tirar o foco do mau futebol do time (seu alvo preferido, como é sabido, são os juízes) -, se vira como pode. Sem um grande elenco à disposição (em quantidade e qualidade), tenta evitar que a crise piore. Sabe que o time não arranca suspiros, mas tenta não desanimar. "É o que temos", conforma-se.

Mas Leão admite andar perdendo o sono. Com vários desfalques, optou por escalar três zagueiros domingo, no interior, contra o caçula Guaratinguetá. Surpreendido pela saída de Christian e preocupado em preservar o criticado Jailson, vai atacar com Arce e Wilson.

Além de Jailson, Leão barrou o lateral Wellington, outro que acaba de chegar e não está agradando. O técnico pediu paciência com os dois. Resta saber até quando irá a sua, até porque as perspectivas de contar com jogadores de primeira linha são pequenas, como deixou claro ontem o diretor de futebol Edvar Simões. "Estamos trabalhando dentro da nossa realidade. O Corinthians passa por um momento difícil. Perdemos 15 jogadores nos últimos meses", disse Edvar, que completou: "Confiamos na experiência do nosso treinador.

Pressão

No Palmeiras, bastaram dois jogos sem vitória para o técnico Caio Júnior começar a sentir como as coisas funcionam no Palestra Itália. Já há, entre conselheiros e torcedores, quem torça o nariz para seu trabalho – a ponto de os dirigentes precisarem garantir publicamente sua permanência. E ele ainda está montando a equipe.

Caio Júnior tem sua primeira oportunidade em um grande clube paulista e procura manter a serenidade. Admite, no entanto, que a fase é delicada. "Estou trabalhando para organizar a equipe", defende-se, para depois reconhecer: "Precisamos superar essa fase de desconfiança". O treinador garante que o Palmeiras ficará mais forte no Brasileiro. Resta saber se poderá contar com a paciência de torcedores e dirigentes em caso de novos insucessos.

Até mesmo no São Paulo, campeão brasileiro, invicto no Paulista e que neste primeiro semestre dará importância de fato à Libertadores, os tropeços causam desconforto. Após o empate de quinta-feira com o fraco Santo André, que ainda não tinha marcado um ponto sequer no Paulistão, o técnico Muricy Ramalho admitiu que o meio-de-campo não marca como antigamente, quando o time contava com Mineiro. "Mas é algo que podemos superar.

Muricy enfatiza que todo início de temporada é complicado, mas tem consciência de que tropeços são perigosos. "Quem paga a conta é sempre o treinador.

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